O momento pelo qual o Brasil e o mundo passam, tanto no âmbito econômico quanto político, traz sinais que se mostram bem contraditórios e acabam deixando margem para expectativas que ora são de otimismo, ora requerem cautela, e ora pendem para uma preocupação do que estar por vir.
Os acontecimentos desta semana são um exemplo do dilúvio de boas e más perspectivas que o trabalhador, o empresário, o consumidor e o investidor viram transcorrer diante deles.
Fomos da importante aprovação da MP da Liberdade Econômica, passando pela redução da taxa de desemprego no país e no Espírito Santo – que mesmo tímida e lenta está acontecendo – até a ameaça de recessão global, que pode trazer impactos para a nossa recuperação interna.
Essa dualidade de percepções escancarada nos últimos dias, entretanto, não é de hoje. Desde que 2019 começou, o brasileiro vive o dilema entre voltar a ter confiança ou se ver diante de uma frustração. Isso acontece porque era esperado que o país apresentasse um desempenho econômico superior ao que colheu no primeiro semestre.
Mas a demora para colocar a reforma da Previdência em votação, a falta de outras agendas de estímulo à economia e a extensa lista de polêmicas envolvendo o governo federal, especialmente o presidente Jair Bolsonaro, diluíram os avanços tão necessários ao país que, há quase seis anos padece com a crise. Tanto é que as projeções de analistas para o crescimento do PIB em 2019 passaram de 2,55%, em janeiro, para 0,81%, de acordo com o último Boletim Focus.
A boa notícia é que junto com a virada de semestre virou também, de alguma forma, a chave da apatia nacional. Do final de julho para cá, o governo federal já anunciou a liberação de saques de contas ativas e inativas do FGTS, lançou o Novo Mercado de Gás, intensificou o debate e os trabalhos ligados à reforma tributária e conseguiu aprovar em segundo turno na Câmara dos Deputados o texto da Nova Previdência. Além disso, vimos a taxa de juros cair para históricos 6% ao ano.
Assim como no Brasil, o Espírito Santo tem ficado entre esse novo momento – de um ambiente que reúne várias condições de colocar o país e os Estados de novo na rota de crescimento – e a constatação dos seus indicadores ainda frágeis.
A produção industrial capixaba, por exemplo, caiu 12% nos seis primeiros meses de 2019, o PIB local dos últimos três trimestres foi negativo. O último dado do mercado de trabalho já sinaliza um cenário melhor, com o aumento de 69 mil pessoas ocupadas. Mas ainda existem 236 mil profissionais desempregados.
O que temos é um diagnóstico de que a economia continua fraca. Os números até aqui não negam isso. Se olharmos somente sob essa ótica, haverá pessimismo. Só que as condições que estão sendo colocadas, por meio das medidas que desburocratizam os negócios, reduzem a curva de gastos públicos e estimulam os investimentos, nos levam a crer que o otimismo está ganhando mais espaço.
Aproveitar essa conjuntura e transformá-la em resultados positivos é necessário e urgente. Para isso, especialmente o governo federal deve canalizar toda a energia que desperdiçou no primeiro semestre para entregar um segundo semestre mais promissor e sólido.
Com as ameaças que vêm do exterior – fruto dos sinais de desaceleração das economias americana e alemã, e as recorrentes brigas comerciais entre Estados Unidos e China –, não há tempo a perder e erros a cometer. O foco para sair da crise mais do que nunca tem que ser a prioridade.
Com os riscos de uma recessão global, mais do que nunca o Brasil precisa focar suas energias para fazer o país voltar a crescer. O diagnóstico até aqui é ruim, mas medidas recém-aprovadas trazem de volta o otimismo
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