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Com a floresta em chamas, Brasil colhe o que tem plantado de crises

Uma questão global de hoje envolve o meio ambiente e sua sustentabilidade enquanto legado para a posteridade

Publicado em 28/08/2019 às 11h15
Atualizado em 29/09/2019 às 16h51
Incêndio na Floresta Amazônica. Crédito: Agência Espacial Brasileira
Incêndio na Floresta Amazônica. Crédito: Agência Espacial Brasileira

É muito provável que a imagem do Brasil, aos olhos do mundo, nunca foi tão arranhada quanto nesses últimos dias. Além de protestos internos que pipocaram país afora, inclusive com panelaços, muitas de nossas embaixadas, sobretudo na Europa, também foram objetos de ações de contestação em relação ao modo como a questão ambiental, num sentido amplo, está sendo tratada pelo governo central, mais especificamente no que diz respeito ao problema do desmatamento e queimadas na região amazônica.

Em verdade, “plantou-se” uma baita crise, e pior, eivada de beligerância, num campo temático que se encontra “a flor da pele” e em mentes sadias que pensam no amanhã. Se existe uma questão hoje que se configura como global, e de forma crescente, esta envolve o meio ambiente e sua sustentabilidade enquanto legado para uma posteridade que se almeja também próspera.

Por mais que se diga, ou se tente justificar, que queimadas na região amazônica, nesta época, possam fazer parte do calendário, portanto, dentro de uma certa normalidade, naturalmente com intensidades diferenciadas no tempo, as que estão em curso no momento postam-se seguramente fora da curva.

E essa dissonância de intensidade do fenômeno em nada se deve a ações deliberadas de ONGs, como andaram dizendo. Ao que tudo indica, o que faz do evento atual um ponto fora da curva encontra respaldo nas sinalizações de cunho liberalizante do próprio governo e no consequente afrouxamento fiscalizatório. Em outras palavras, está se colhendo o que foi plantado.

O que mais chama a atenção, no entanto, nem é o problema do desmatamento e das queimadas enquanto fatos do momento, mas sim a forma como este está sendo tratado e administrado pelo governo federal. E é exatamente por onde o mundo está a nos olhar e observar.

O temor é de que a forma como está sendo tratado o problema acabe impondo riscos adicionais ao Brasil nas suas relações comerciais, especialmente com países europeus. Como bem pontuou o articulista de “O Globo” José Casado, nesta semana, os empresários, especialmente do agronegócio, poderão estar tendo que lidar agora com um novo tipo de risco: o risco Bolsonaro. Um risco que poderá se transformar em acréscimo de custos ou imposição de barreiras de acesso a mercados.

E não serão os americanos a nos ajudar ou salvar. Esses, independentemente de quem esteja no poder, democratas, republicanos ou Trump, sempre são pautados pelo pragmatismo. Para eles, “business is business, and nothing else”. Não esqueçamos também de que são eles os nossos maiores concorrentes no agronegócio.

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