Jornalista de A Gazeta. Há 10 anos acompanha a cobertura de Economia. É colunista desde 2018 e traz neste espaço informações e análises sobre a cena econômica.

Clima "agitado" em Brasília com "a maluquice da CPMF"

Para fonte do governo, proposta de reforma tributária tende a andar mais rápido com demissão de Marcos Cintra

Publicado em 11/09/2019 às 15h33
Atualizado em 12/09/2019 às 14h36
Impostos. Crédito: Reprodução | Internet
Impostos. Crédito: Reprodução | Internet

Brasília sempre é intensa, mas a demissão nesta quarta-feira (11) do secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, foi mais uma pitada de como não existe monotonia na Esplanada. À coluna, uma fonte da equipe de Jair Bolsonaro (PSL) chamou o clima por lá de “agitado” e classificou como “maluquice” a ideia da criação da “CPMF”, um velho imposto travestido de novo.

Nesta quarta, o ministro da Economia, Paulo Guedes, demitiu Cintra, após um integrante da sua equipe ter tornado público as propostas ligadas à reforma tributária, como cobrar 0,4% sobre os depósitos e saques bancários.

“Há males que vêm para o bem”, disse a fonte se referindo à demissão do colega. "A CPMF, por mais que pudesse ter uma justificativa técnica, não tinha a menor condição de insistir nisso. Maluquice”, avaliou.

Quando perguntei se os envolvidos nos projetos de governo estão falando línguas diferentes, a fonte reconheceu que há faíscas e alguns desentendimentos, mas justificou que isso é fruto da imensidão que é o governo federal com várias cabeças pensantes. “A máquina é muito grande, é difícil ter sempre total convergência.”

Enquanto alguns analistas veem a saída do secretário da Receita como um motivo para retardar o andamento da reforma tributária, internamente em Brasília a avaliação é diferente entre alguns grupos da equipe econômica.

“O lado bom é que a gente passa essa etapa de ficar discutindo coisa que não vai passar (no Congresso). Acho que (a reforma tributária) vai andar mais rápido. Quem atrasava era o Cintra tentando emplacar essa ideia (da CPMF). A CPMF era uma perna para bancar a desoneração da folha.”

Um integrante da equipe de governo explica que a CPMF era apenas uma das várias alternativas que vinham sendo estudadas e discutidas. Para ele, há o lado bom desse imposto, que é de “alcançar uma base ampla e simples”, mas também pontos ruins, “como a cumulatividade, o incentivo à desintermediação financeira e o custo político”, sendo esse último o que mais pesou no processo. 

Mesmo com toda a força que o debate sobre a CPMF ganhou nos últimos dias, a proposta de criar mais tributos é rechaçada pelo Planalto. “A ideia do governo é de menos imposto. Não há qualquer hipótese de aumento de impostos, muito pelo contrário”, garantiu a fonte.

Que assim seja e que o governo seja capaz de dar rumo ao que hoje ainda transparece estar desorientado.

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