E consultor e palestrante em Inovacao e Estrategia

Bravatas contra a Amazônia só servem para jogar nossa imagem na lama

Não adianta falar que existe uma campanha contra o Brasil. Se a opinião pública europeia entender que estamos queimando a Amazônia, vai boicotar nossos produtos

Publicado em 24/08/2019 às 08h31
Atualizado em 26/08/2019 às 22h38
Desmatamento e queimadas na floresta viram crise internacional. Crédito: Mayke Toscno/Gcom-MT
Desmatamento e queimadas na floresta viram crise internacional. Crédito: Mayke Toscno/Gcom-MT

O papagaio no avião não parava de ofender a comissária pedindo whisky e comida e sempre reclamando. Ela assustada, acabava trazendo o que ele pedia. O passageiro ao lado pedia gentilmente um copo dágua e ela não trazia. Até que o passageiro, irritado, resolveu fazer o mesmo que o papagaio e passou a ofender a comissária pedindo a água. Ela, farta da situação, reclamou com o comandante que mandou jogar os dois para fora em pleno voo. Enquanto caiam, o papagaio voava em volta do passageiro dizendo: “Para quem não sabe voar você é folgado pra cacete”.

Essa piada me faz lembrar a postura do presidente Bolsonaro que busca mimetizar Trump na maneira de conduzir as discussões sobre clima. O presidente dos EUA nega as mudanças climáticas, sai do Acordo de Paris, libera o uso de carvão, enfim, faz tudo que o resto do mundo, a ONU e a opinião pública mundial condenam.

O presidente do Brasil tenta fazer a mesma coisa, ameaça sair do Acordo de Paris, nega as ameaças de mudanças climáticas e as queimadas na Amazônia e diz desaforos para os mandatários da Alemanha e da França. Ao mesmo tempo, quer entrar na OCDE, no Conselho de Segurança da ONU e assina um documento preliminar de acordo entre Mercosul e União Europeia que vai precisar do aval dos mesmos. O que vai acontecer?

O presidente do país mais poderoso do mundo se garante na sua empáfia e pode voar. Temos de ter noção da realidade. Claro que existem interesses comerciais que motivam muitas ações contra o agronegócio brasileiro, mas o mundo inteiro, fora o Trump, adotou a causa ambiental. Não precisamos dar mais munição. Não adianta falar que existe uma campanha contra o Brasil.

Se a opinião pública europeia entender que estamos queimando a Amazônia, vai boicotar nossos produtos, vai exigir dos seus governos que promovam sanções e os governos atendem seus eleitores senão perde eleição. E nós vamos fazer o quê? Represália? Nacionalizar as empresas europeias? Cancelar a assinatura de jornais europeus? Boicotar viagem para esses países? Isso tem de ser tratado diplomaticamente.

Bravatas contra Merkel e Macron ditas pelo presidente da República provocam em bolsominions orgasmos múltiplos, mas não adiantam nada. Nas redes sociais, eles listam deslumbradamente todas as mazelas que os europeus provocaram nas suas florestas e no mundo e sentenciam que eles não têm moral para falar mal do Brasil. E daí? Não vão dar a mínima, até porque fizeram isso há séculos e têm até recuperado muitas delas. As reportagens e charges no mundo inteiro jogam a imagem do país na lama. Precisamos providenciar umas asas bem rápido.

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