
Em relação ao Vietnã, o mais provável que ainda povoa o imaginário e as lembranças das pessoas, hoje, diz respeito ao seu passado de guerra e destruição nas décadas de 1960 e 1970. Período marcado por uma guerra “quente”, ou seja, verdadeira, em meio a uma guerra fria entre potências cujos regimes se opunham. De um lado, a União Soviética, sob o regime comunista, e de outro, os Estados Unidos, capitalista. Ambos países lutavam pela hegemonia mundial.
No entanto, poucos sabem ou mesmo se dão conta do que aconteceu no curso da história recente daquele país, e menos ainda do que está acontecendo neste momento. Tanto é verdade que, não fosse por uma fala do presidente do Sindiex, Marcilio Machado, por ocasião do aniversário da instituição, este não seria o tema da coluna de hoje.
Em sua palestra, Marcilio enfatizou o fato de o Brasil, como oitava potência econômica no mundo, estar situado apenas na 27ª posição em exportações mundiais. E mais: que o Vietnã já havia ultrapassado nosso país, atingindo a 21ª posição já em 2017.
Num paralelo entre Brasil e Vietnã, só nos resta compreender o que está acontecendo lá ou o que não está acontecendo aqui no Brasil. Se no quantitativo já saímos perdendo, no qualitativo perdemos ainda mais. Para começar, a economia vietnamita vem crescendo em média de 6% ao ano. Mas a assimetria maior vamos encontrar quando comparamos os perfis das exportações. Aí é que verificamos duas trajetórias opostas.
No Brasil, estamos caminhando para o que poderíamos chamar de “desindustrialização” da pauta, enquanto lá, ao contrário, há um processo de industrialização e de sofisticação – produtos de maior complexidade econômica.
Impressiona-nos o crescimento das exportações de produtos com incorporação de alta tecnologia e conhecimento. Cerca de um terço da composição da pauta de exportações do Vietnã é composta por produtos de comunicação, telecomunicações, circuitos integrados e micro conjuntos eletrônicos. Já na pauta de exportações do Brasil, produtos classificados como de alta tecnologia representam apenas 4,3% do total. E isso praticamente por conta da Embraer. Até no turismo externo o Brasil perde para aquele país.
O Vietnã se coloca hoje como potencial beneficiário da guerra comercial entre Estados Unidos e China, também chamada de crise de desglobalização. Grandes empresas americanas de alta tecnologia que têm atualmente bases industriais na China já consideram seriamente a possibilidade de transferência para lá, e não voltar para os Estados Unidos como deseja Trump: Apple, Nintendo, HP e Dell, entre outras.
Especificamente para o Espírito Santo, o Vietnã é o maior concorrente na produção e exportação do café robusta - conilon. Aliás, aparece como segundo produtor mundial de cafés no mundo, com 30 milhões de sacas.
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