É psicóloga, psicanalista, entusiasta da maternidade, paternidade e mestre em Saúde Coletiva. Escreve sobre os bebês, as emoções, os comportamentos, os conflitos e dilemas contemporâneos do tornar-se família

Acolhimento e cuidado

Bianca Martins responde a dúvida de leitora sobre maternidade

Publicado em 24/01/2020 às 19h00
Atualizado em 27/03/2020 às 20h09

Neila

Leitora

"“Minha filha tem 2 meses e ainda não consegui retomar minha rotina de antes. O que devo fazer”"
Mãe com bebê: maternidade. Crédito: Unsplash
Mãe com bebê: maternidade. Crédito: Unsplash

Muitas mães, assim como você, estão às voltas com esse novo discurso vigente de que a mulher, principalmente nos primeiros meses em que está aprendendo sua função materna, precisa ser infalível, dar conta de tudo!

O nascimento de um bebê, inevitavelmente, modificará a vida. Não apenas o modus operandi, como também suas perspectivas e prioridades. Com um bebezinho de 2 meses, imagino que vocês estão começando a azeitar a relação. Se você amamenta, somente agora estão estabelecendo os ritmos. As noites são longas, a demanda é grande e exaustiva. Você ainda está totalmente embebida pelos hormônios, sua vida emocional não está sendo nada fácil. Como uma montanha russa, as alegrias certamente lhe causam tristeza, e as ansiedades lhe causam pavor. Você não cabe ainda em si mesma.

É totalmente insano exigir que uma mulher nesse momento da vida possa se ocupar de seu autocuidado sem ajuda. Se você está nesse ponto, imagino que esteja solitária. O que é outra insanidade! Muitas pessoas se vangloriam por terem cuidado de seus bebês sozinhas. Sem a ajuda de ninguém. Das duas, uma: ou o trauma do nascimento do primeiro filho foi tão ampliado e todo e qualquer suporte que essa família teve foi recalcado, caído no esquecimento, ou, de fato, a mulher e seu bebê ficaram sozinhos, o que é extremamente grave.

O que não deveria faltar no planejamento das famílias que terão bebês em breve é apoio, suporte e, principalmente, mais braços em casa. Uma mãe e seu bebê não deveriam jamais estar sozinhos. Isso é antinatural. A recém-mãe necessariamente precisa de mais alguém perto de si, para acolhê-la, preparar-lhe a comida, cuidar da casa, para que ela se ocupe integralmente de seu bebê.

Já reparou que os celulares modernos não têm manual? É o que chamam “tecnologia instintiva”. Pois é, os bebês também são uma tecnologia instintiva. Precisamos estar com eles para conhecer os seus ritmos, seu comportamento, sua personalidade, para criarmos vínculos.

Não me venham com essa de que é necessário estudar para ser pai e mãe. O que é necessário é tempo, isso mesmo, tempo para construir a relação com o bebê; interesse, ou seja, descobrir que o bebê é condescendente, principalmente com nossas falhas; generosidade, consigo e com a família ampliada, para que todos possam aprender juntos como integrar o bebê e como ser integrado ao novo papel na família.

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