Jornalista de A Gazeta. Há 10 anos acompanha a cobertura de Economia. É colunista desde 2018 e traz neste espaço informações e análises sobre a cena econômica.

Mansueto diz ser errado dar reajuste anual para servidor público

Secretário do Tesouro Nacional criticou também o direito que algumas carreiras têm de tirar 60 dias de férias

Publicado em 29/09/2019 às 17h05
Mansueto Almeida é secretário do Tesouro Nacional. Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Mansueto Almeida é secretário do Tesouro Nacional. Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

A palestra dada pelo secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, em Vitória, durante evento promovido pelo Tribunal de Contas do Espírito Santo foi mais do que uma explicação do atual cenário fiscal vivido pelo país. Foi uma reflexão sobre os erros que vêm sendo cometidos nos últimos anos pelo governo, pelo Congresso e pela sociedade como um todo.

Mansueto trouxe números alarmantes do drama vivido na economia nacional, como o fato de 12 Estados brasileiros gastarem mais de 60% das suas receitas com pessoal, a dívida pública da União estar próxima de 80% do Produto Interno Bruto e o país conviver com uma alta carga tributária de 33% do PIB e, mesmo assim, ter suas contas deficitárias.

Mas tudo isso de certa forma não é novidade. A surpresa veio da sinceridade do economista na sua apresentação. Mansueto fez duras críticas a privilégios que são perpetuados no serviço público.

 

Mesmo em meio a uma plateia formada por muitos servidores, o chefe do Tesouro disse ser errado a categoria ter direito à revisão anual dos salários, dada a estabilidade na carreira e a atual inflação do país, na casa dos 3%. Ele, que também é funcionário público, criticou o serviço federal pagar para profissionais recém-formados um salário inicial de quase R$ 20 mil. “Um jovem de 22 anos, quando chega aos 32 anos e 34 anos, alcançou o final da carreira. Isso não é um bom plano de incentivos. Tanto para os funcionários quanto para o bom funcionamento da máquina.”

Outro gasto apontado por ele como “esquisito” é o pagamento de bônus de produtividade para inativos. Mansueto lembrou também das carreiras que têm férias de 60 dias e ainda recesso de 10. “O país precisa ter maturidade para debater a reforma administrativa, para debater regras de carreiras. Não faz sentido essas carreiras serem tão curtas e com salário inicial tão alto. Tem que desarmar e debater, mesmo sabendo que não é fácil.”

Apesar dos puxões de orelha, o economista fez questão de dizer que o funcionalismo não deve ser demonizado. Ele tem razão. Há muitos profissionais qualificados e comprometidos. Mas passou da hora de ajustes acontecerem.

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beatriz seixas

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