A agenda positiva do país existe. E a visita do secretário especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, ao Estado na última segunda-feira, deixou isso muito claro.
Em palestra, durante a posse da nova diretoria do Espírito Santo em Ação, Mattar mostrou por meio de muitos números o quadro dramático que a economia do Brasil atravessa nos últimos anos, mas apresentou também que é possível reverter esse cenário.
O caminho, na visão do secretário, é reduzir o tamanho do Estado e fazer com que o dinheiro, que hoje já chega aos cofres públicos, tenha um destino muito mais nobre e eficiente do que o de apenas estancar as despesas da União. Deixar o Estado menos “obeso e lento”, como ele mesmo se referiu, é destravar investimentos, dar mais oportunidades aos brasileiros e tornar mais simples a vida de trabalhadores e empresas.
Além dos dados, como o potencial de arrecadação com privatizações no Brasil – de quase R$ 1 trilhão, ou seja, o equivalente a uma reforma da Previdência –, Salim Mattar elencou diversas ações que estão sendo trabalhadas pelo governo federal, como: a reforma tributária, o novo mercado de gás, a MP da Liberdade Econômica, o saque do FGTS, a venda de imóveis, a revisão do pacto federativo e a suspensão de concursos.
A lista de fato é grande e relevante, mas ainda falta fôlego para o governo implementar a agenda rumo ao crescimento. E não é apenas a coluna que chegou a esta conclusão. Esse é o sentimento de muitos empresários que participaram do evento e mostraram-se frustrados pela demora na reação da atividade econômica.
Aliás, o próprio Salim Mattar reconhece que a velocidade das mudanças está acontecendo em um tempo menor do que a equipe gostaria e do que o país precisa. “Os empresários têm razão. Há um pouco de desânimo.”
Durante a sua palestra, ele fez uma mea-culpa sobre essa letargia. Mas justificou que ela foi e, de certo modo, está sendo necessária para preservar o objetivo maior do governo neste primeiro momento: aprovar a reforma da Previdência.
“A reforma da Previdência nos atrasou um pouco porque alguns projetos de lei, algumas medidas, alguns decretos que vão entrar no pipeline podem desagradar grupos de interesse. Fomos cuidadosos. Falamos: ‘vamos deixar essas mudanças para depois da reforma da Previdência que é a mãe de todas as reformas’. Então, atrasamos sim o processo de fazer uma verdadeira mexida na nossa economia”, admitiu um dos integrantes da equipe de Paulo Guedes.
A fala de Salim Mattar mostra que ele está conectado com o mundo real brasileiro. Aponta que por mais técnico e capacitado que seja o time econômico, do qual faz parte, é preciso ter paciência e jogo de cintura para encarar as nuanças da política.
A questão é quanto tempo mais a reforma tomará das outras agendas que o Brasil tanto precisa. Com otimismo, podemos colocar mais uns dois meses. Findado esse prazo, resta saber se o governo estará com todas as medidas citadas pelo secretário engatilhadas para sair do papel.
Afinal, nos últimos dias, tem ficado cada vez mais evidente que o desfecho sobre a reforma da Previdência pode não ser o único empecilho para o país caminhar. O comportamento do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), ao focar suas energias em polêmicas e dar declarações que desrespeitam a Constituição, coloca em risco a agenda positiva que a sua equipe está construindo e tenta colocar de pé.
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Tem uma frase que é muito usada no meio empresarial: “O governo mais ajuda quando não atrapalha”. Com Bolsonaro na Presidência, ela tem feito ainda mais sentido.
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