Aquiles Reis é músico e vocalista do MPB4. Nascido em Niterói, em 1948, viu a música correr em suas veias em 1965, quando o grupo se profissionalizou. Há quinze anos Aquiles passou a escrever sobre música em jornais. Neste mesmo período, lançou o livro "O Gogó de Aquiles" (Editora A Girafa)

Ô coisa boa: "Garçom, mais dois" tem um forte sabor brasileiro

Disco de Afonso Machado e Luiz Moura é recheado de participações onde as canções "têm a cara de seus intérpretes"

Publicado em 23/06/2020 às 13h29
Atualizado em 24/06/2020 às 11h08
Encarte do disco
Encarte do disco "Garçom, mais dois", de Afonso Machado e Luiz Moura. Crédito: Divulgação

Não canso de me surpreender com CDs lançados por instrumentistas/ compositores. Logo ao abrir a embalagem, já é possível sacar que o conteúdo tem força irresistível. Nele, está o presente de quem assina o trabalho... e o futuro? Ora, o futuro à música pertence.

No aquário do estúdio, a atmosfera é de camaradagem. As "histórias de músico" se multiplicam. O que dizer dos personagens que abastecem os contadores desses causos – existem alguns, mas o principal talvez seja o Eloir de Moraes. Lembro-me ainda de outros que são useiros e vezeiros em fazer o estúdio rir: dentre tantos, Dori Caymmi e Gilson Peranzzetta.

Tudo isto para comentar "Garçom, mais dois" (independente), o CD do bandolinista Afonso Machado e do violonista Luiz Moura. Ali,  cada música escolhida foi por ter a “cara” do seu intérprete. Os arranjos (de Machado e Moura) têm um forte sabor brasileiro.

Abrindo a tampa, Pedro Miranda tem a acompanhá-lo Diego Zangado (batera), Tiago Machado (cavaco), Eduardo Neves (sax) e Aquiles Moraes (trompete). Guinga canta uma música que, definitivamente, é a cara dele – harmonia e melodia fugindo do padrão. A acompanhá-lo, apenas o violão de Luiz Moura.

Coube a Miucha (saudade!) um belo samba-canção, cujo final faz referência à “Inútil Paisagem”. Com ela, Luiz Moura (violão), João Faria (contrabaixo), Diego Zangado (batera) e Maria Clara Valle (violoncelo). Soraya Ravenle sola e Marcelo Caldi (piano e arranjo) canta com ela em terças.

Com Luiz Moura (violão), João Faria (contrabaixo), Diego Zangado (batera), Makley Matos (percussão), Afonso Machado (bandolim) e Tiago Machado, ele que arrasa no intermezzo do cavaquinho, Carlinhos Vergueiro vem com um samba com letra de Elton Medeiros.

Em "Coringa", Marcos Sacramento canta com um naipe de sopros: Reinaldo Godoy (trompete), Marcelo Cebukin (sax tenor), Sérgio Castanheira (trombone).

Nina Wirti está numa marchinha que empodera as mulheres. Com ela, Luiz Moura (violão), João Faria (contrabaixo), Diego Zangado (batera) e Sérgio Castanheira (trombone).

Ilessi canta um samba com direito a vocalizes no final. Com ela, estão: Luiz Moura (violão), João Faria (contrabaixo), Diego Zangado (batera), Tiago Machado (cavaco), Makley Matos (percussão), Rui Alvim (clarinetes) e Afonso Machado (bandolim).

Amélia Rabello dá show no choro com letra de Paulinho Pinheiro. Com ela, Luiz Moura (violão), Cristóvão Bastos (piano), Luciana Rabello (cavaco) e Afonso Machado (bandolim).

Zezé Gonzaga e Delcio Carvalho cantam um choro com letra do próprio Carvalho. Cristóvão Bastos está ao piano.

Além de homenagear o compositor Valzinho, Luiz Moura canta e toca violão, enquanto Afonso Machado está ao bandolim.

"Garçom, mais dois" é como o pequeno frasco de um bom perfume: ao abri-lo, sua essência vai ao mundo. Músicas e letras irmanadas pelo objetivo de serem obras definitivas. Perdoe-me, longe de mim ser grosseiro, mas se você não gosta de choro nem de samba, por favor, entenda você está ouvindo o disco errado.

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