
Os economistas do setor financeiro estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) recuará 6,54% em 2020, segundo apurou o Relatório de Mercado Focus. É uma projeção triste, mas tem um viés positivo em relação a pesquisas anteriores: é a redução do número de palpites radicais falando em queda entre 7% e 10%. Parece estar perdendo força essa pintura ultra catastrófica que teve muito realce entre meados de abril e maio - período de rigorosa paralisação de atividades.
O segundo semestre começa com dose um pouco menor de pessimismo do que amargava há dois meses. A tênue diminuição não se vê apenas no mercado financeiro. Também é observada entre executivos da indústria e do comércio. A que se deve? Ao tímido aumento da movimentação econômica, apesar da grande ociosidade de instalações e máquinas e do alto desemprego.
O IBGE diz que mais de 8 milhões de profissionais já perderam o emprego durante a pandemia. No Espírito Santo, foram fechados mais de 26 mil postos de trabalhado com carteira assinada. A demanda doméstica está muito enfraquecida. Apesar dessas circunstâncias, acredita-se que neste segundo semestre haverá progressos continuados, embora tateantes, na reativação da produção (industrial, comercial e de serviços). Porém, isso é mais uma esperança do que propriamente uma perspectiva consistente. Hoje, não são previsíveis os desdobramentos do cenário.
No caso do Espírito Santo, as dúvidas são maiores em função de indefinições do comércio internacional, do qual tanto depende o PIB capixaba. Em junho, vários países retomaram várias atividades econômicas e cotidianas, mas alguns deles tiveram de retroceder, impondo nova quarentena, devido a novas ondas de contágio do vírus infernal.
Nos Estados Unidos, também são registrados repique de casos em várias regiões. Mesmo assim, renomadas consultorias estão enxergando sinais de que a recessão internacional, apesar de intensa, começou a se dissipar a partir da virada do semestre. Tomara que sim. Certamente, essa visão otimista tenha a ver com alguns impulsos nas bolsas de valores. No Brasil, o índice acionário subiu 50% desde início de abril, e estrategistas anteveem alta modesta, até o final do ano.
O IBGE divulgou ontem uma boa notícia para começar o semestre: em maio, a produção industrial do país cresceu 7% em relação a abril, interrompendo dois meses seguidos de queda. É apenas um pequeno sinal de vida. Longe de recuperar as perdas acumuladas. Comparada a maio do ano passado, a queda é de 22%. Não se tira esse atraso da noite para o dia. No Espírito Santo, de janeiro a abril, a produção das fábricas caiu 15,9%.
A situação da economia do país vai pressionar a iniciativa privada e o governo a debaterem medidas essenciais visando a melhorar a produtividade da economia e a substituir a renda obtida por programas assistenciais por renda oriunda da produção e do emprego. A necessidade disso é para ontem.
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