SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O tenente da Polícia Militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, 30, preso pela morte do lutador de jiu-jítsu Leandro Lo, 33, durante um show na zona sul de São Paulo, foi indiciado sob suspeita de homicídio qualificado por motivo fútil, informou a SSP (Secretaria da Segurança Pública do estado).
O policial se entregou à polícia na noite de domingo (7), após a Justiça ter decretado sua prisão temporária por 30 dias que foi confirmada em audiência de custódia nesta segunda (8). O tenente foi encaminhado para o Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital.
A reportagem não localizou a defesa do policial. Na delegacia, um advogado que se apresentou como defensor de Velozo se recusou a falar com a imprensa e não deu informações sobre o caso.
O PM estava de folga no momento do crime. O advogado da família do lutador, Ivã Siqueira Junior, afirma que testemunhas disseram que os dois se desentenderam após Velozo entrar na roda de amigos de Lo, pegar uma garrafa de bebida e começar a chacoalhá-la. De acordo com os relatos, o policial tentava provocar o atleta.
Lo teria em seguida derrubado o homem e o imobilizado. Outras pessoas se aproximaram e separaram a briga, sem ter havido agressões, ainda segundo relatos.
O homem teria, então, sacado uma arma e atirado uma única vez na cabeça do lutador, que foi atingido na testa. A vítima chegou a receber os primeiros socorros de um médico no local e foi levada ao hospital, mas não resistiu.
O lutador foi enterrado na tarde desta segunda no Cemitério do Morumby, em São Paulo.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo informou que o caso segue em investigação pelo 16ºDP (Vila Clementino). Paralelamente, a Polícia Militar também instaurou apuração administrativa.
Velozo possui uma condenação na Justiça Militar por agredir com um soco e desacatar outros PMs durante uma festa em 2017. Ele declarou à época que apenas agiu para separar sete pessoas que agrediam um primo dele.
O episódio ocorreu em 27 de outubro de 2017 na boate The Week, na Lapa, zona oeste paulistana. Ele estava de folga.
Segundo a denúncia recebida pela 1ª Auditoria da Justiça Militar, policiais militares foram acionados para ir à casa noturna após o tenente se envolver em uma confusão no local.
Ao ser abordado pelos policiais, Velozo reagiu.
"Em dado momento, o soldado [a reportagem suprimiu o nome do policial] se afastou do denunciado e esticou o braço, em nítida intenção de mantê-lo a distância. Neste instante, o tenente Velozo desferiu um soco no braço do soldado. Em seguida, o denunciado desferiu outro soco, visando acertar o rosto soldado", cita trecho da denúncia.
Mostrando-se exaltado e nervoso, Velozo passou a agredir verbalmente um outro tenente que chegou ao local, dizendo "você é meu recruta", "seu covarde", além de diversos palavrões.
O Ministério Público denunciou Velozo à Justiça em decorrência da agressão e do desacato. O tenente foi absolvido em primeira instância, mas a Promotoria recorreu da decisão.
Em maio do ano passado, Velozo foi condenado a nove meses de prisão em regime aberto. No entanto, por ser réu primário, a Justiça suspendeu o cumprimento da pena por dois anos. Quem recebe esse tipo de concessão tem a pena extinta caso não cometa outro crime no período estabelecido.
Procurada, a Defensoria Pública, responsável pela defesa do PM no processo em questão, disse que não se manifesta sobre casos criminais em andamento.
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