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Polícia vai investigar ligação do PCC com ocupações em SP

Polícia vai investigar ligação do PCC com ocupações em SP

Equipes que atuam no combate ao crime organizado afirmam ter indícios de que facção usa prédios como esconderijo de traficantes, drogas e armas

Publicado em 4 de maio de 2018 às 09:27

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(Reprodução/TV Globo)

A polícia de São Paulo vai investigar movimentos de moradia que cobram aluguel de sem-teto em ocupações. Equipes que atuam no combate ao crime organizado dizem ter indícios de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) usa algumas dessas ocupações como fachada para esconder drogas, armas e traficantes. Moradores do prédio que desabou no Largo do Paissandu na última terça-feira relataram que pagavam até R$ 400 por mês para o Movimento da Luta Social por Moradia (MLSM), responsável pela ocupação que pegou fogo e ruiu.

Nesta quinta-feira, os investigadores concluíram que o incêndio começou por causa de um curto-circuito em uma tomada usada por uma família que vivia no quinto andar.

Embora digam que o MLSM ainda não foi alvo de inquérito, policiais que apuram ações do crime organizado veem semelhanças entre a atuação deste grupo e o antigo Movimento Sem Teto de São Paulo (MSTS), que liderou a ocupação do Cine Marrocos. Em 2016, o Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) encontrou fuzis, carabinas e drogas escondidos num poço de elevador do edifício invadido.

Segundo a investigação, o MSTS servia como fachada para o PCC. A facção usava o prédio como uma espécie de quartel-general e se aproveitava dos sem-teto para manter a polícia distante. Policiais demoraram cerca de cinco meses para entrar no edifício, com receio de que o confronto acabasse envolvendo moradores que não tinham ligação com o tráfico.

O MSTS faturava mais de R$ 60 mil por mês com aluguel cobrado dos ocupantes de três invasões que tinha no Centro, segundo estimativa da polícia, e ainda ganhava com cobrança de taxas de adesão, luz e água. Até o caminhão que fazia a mudança das famílias pertencia aos traficantes.

A operação levou à condenação de 28 pessoas, acusadas de envolvimento no esquema, entre elas o líder do movimento, Wladimir Ribeiro Brito, apontado como chefe da facção no Centro de São Paulo. A suspeita da polícia é que, como o MSTS foi desmontado e o déficit habitacional continua alto, outras ocupações possam estar sendo comandadas pela facção paulista.

SUSPEITA DE MAIS DESAPARECIDOS

Em outra investigação, que apura a causa do incêndio que derrubou o edifício Wilton Paes de Almeida, a polícia concluiu que um curto-circuito provocou a tragédia e negou que as chamas tenham começado após uma briga de casal. Os policiais fizeram essa afirmação após ouvir depoimentos de Walquíria Camargo do Nascimento, moradora do andar onde o fogo começou.

O marido dela, Pedro Lucas Ribeiro, e uma das filhas do casal, Maria Cecilia, estão internados. A mulher contou que acordou com o barulho do curto-circuito em uma tomada onde estavam ligados um micro-ondas, uma TV e uma geladeira.

No terceiro dia de buscas por vítimas da tragédia, os bombeiros começaram nesta quinta-feira a usar equipamentos pesados para limpar os destroços. Oficialmente, para os bombeiros, há quatro desaparecidos que podem estar sob os escombros: Ricardo Amorim, o Tatuagem, que era resgatado no momento em que a construção veio abaixo, Selma Almeida da Silva e os dois filhos gêmeos dela.

Ao longo do dia, mais três famílias comunicaram que não conseguem falar, desde terça-feira, com parentes que viviam na ocupação. Zenaide Melo Souza, de 38 anos, por exemplo, procura informações do ex-marido, o confeiteiro Francisco Lemos Dantas, de 56 anos, o Nilson. Segundo ela, Nilson não atende o celular desde o dia do desabamento.

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