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Polícia ouve PMs envolvidos em ação que matou torcedor do São Paulo

Polícia ouve PMs envolvidos em ação que matou torcedor do São Paulo

O torcedor, Rafael dos Santos Tercilio Garcia, que era surdo, foi atingido na cabeça por uma "bean bag", um tipo de munição que a PM usa como alternativa às balas de borracha

Publicado em 31 de outubro de 2023 às 17:54

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Rafael dos Santos Tercilio Garcia, 32, era surdo e morreu durante as comemorações do título da Copa do Brasil no dia 24 de setembro
Rafael dos Santos Tercilio Garcia, 32, era surdo e morreu durante as comemorações do título da Copa do Brasil no dia 24 de setembro. (Reprodução/Redes Sociais)

A Polícia Civil paulista começou a ouvir os policiais militares envolvidos na ação que resultou na morte do torcedor são-paulino Rafael dos Santos Tercilio Garcia, 32. O rapaz, que era surdo, morreu durante as comemorações do título da Copa do Brasil no dia 24 de setembro nas proximidades do estádio do Morumbi, na zona oeste de São Paulo.

Segundo a perícia, ele foi atingido na cabeça por uma "bean bag", um tipo de munição que a PM usa como alternativa às balas de borracha. Ela é feita com uma uma fibra sintética conhecida como aramida, que dentro contém pequenas esferas de chumbo. O primeiro a prestar depoimento foi um cabo da PM, no último dia 20. Ele era de uma viatura que escoltava os policiais da Cavalaria. Imagens de câmeras de segurança mostram o veículo próximo ao local onde Garcia foi atingido.

Acompanhado de um advogado, o agente disse que não viu nenhum dos dois policiais que estavam com ele no carro disparar contra os torcedores. Afirmou ainda que, durante a confusão, a viatura chegou a ter um dos pneus danificados e que animais da tropa tiveram ferimentos leves. Um segundo PM, um soldado, foi ouvido no dia 24 e também disse não ter visto um disparo. Os dois, no entanto, confirmaram que um terceiro policial da equipe portava uma arma que podia ser carregada com munições como a "bean bag".

Este outro agente, um cabo, é um dos suspeitos de ser o responsável pelo tiro que matou o torcedor. Nem ele e nem um quarto policial que participaram da ação foram ouvidos ainda. O depoimento deles estava marcado para esta quarta (1º), mas foi adiado. Um laudo da Polícia Científica aponta que Garcia morreu por "traumatismo crânioencefálico em decorrência de ação vulnerante de agente pérfuro-contundente por disparo de arma de fogo".

O caso

Segundo o boletim de ocorrência, policiais militares estavam nas proximidades da avenida Jules Rimet com a rua Sérgio Paulo Freddi, entre os portões 6 e 7 do Morumbi, quando torcedores do São Paulo tentaram invadir a área de isolamento para acessar o estádio. PMs conseguiram impedir o acesso, mas passaram a ser atingidos por diversos objetos arremessados pelos torcedores.

Conforme o relato dos policiais, foi necessário o uso de munição química e explosiva, além de cassetete. Pouco depois, Garcia foi encontrado caído desacordado no chão. Ao menos oito PMs ficaram feridos na mesma ação. O torcedor foi levado para o pronto-socorro do Hospital Municipal do Campo Limpo por uma ambulância que estava no estádio, mas não resistiu aos ferimentos.

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