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Pelo Brasil, hidroxicloroquina encalha em prefeituras e hospitais

Pelo Brasil, hidroxicloroquina encalha em prefeituras e hospitais

Milhões de compridos também estão estocados em armazém do Ministério da Saúde; produto não tem eficácia comprovada contra a Covid-19

Publicado em 2 de março de 2021 às 22:19- Atualizado há 3 anos

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Hidroxicloroquina, um dos remédios utilizados no combate à Covid-19 sem evidência científica da sua eficácia
Hidroxicloroquina, um dos remédios utilizados no combate à Covid-19 sem evidência científica da sua eficácia. (Divulgação)

Aposta do presidente Jair Bolsonaro contra a Covid-19, milhões de comprimidos de hidroxicloroquina estão encalhados em armazém do Ministério da Saúde, além de hospitais e municípios em todo o país. O produto foi doado por Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, e pela farmacêutica Sandoz. Embora não haja comprovação científica sobre a eficácia do medicamento, o presidente o tem recomendado como forma de enfrentar a pandemia.

Joinville, em Santa Catarina, recebeu, em setembro de 2020, o maior lote entregue pela gestão Eduardo Pazuello na Saúde: 160 mil comprimidos de hidroxicloroquina - de um total de cerca de 3 milhões de unidades estocadas. Mais de cinco meses depois, apenas 1,26 mil comprimidos foram usados (menos de 0,8% do total) e a prefeitura quer devolver o que resta.

Ministério da Saúde tem cerca de 2,5 milhões de unidades de hidroxicloroquina encalhadas. Encurralado por investigações sobre omissão na pandemia e pressão por recomendar tratamento ineficaz, Pazuello tem dito que jamais recomendou esses medicamentos. Como revelou o Estadão, esta versão chegou a ser apresentada pelo ministro à Polícia Federal, em depoimento dentro de inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em resposta via Lei de Acesso à Informação, porém, a Saúde reconhece que o uso da hidroxicloroquina tornou-se prioridade ao tratamento da Covid-19 a partir do segundo semestre de 2020. Antes, o governo apostou na cloroquina, antimalárico de composição similar.

A diferença entre um produto e outro é que, enquanto a hidroxicloroquina disponível no país foi doada, no caso da cloroquina o governo turbinou a produção própria, por meio do laboratório do Exército.

O Grupo Hospitalar Conceição, de Porto Alegre (RS), vinculado ao ministério, usou 1,2 mil comprimidos em 4 meses. Tem ainda cerca de 18,3 mil e o diretor do grupo, Cláudio Oliveira, também planeja devolver todo o estoque ao governo federal.

A segunda cidade que mais ganhou a hidroxicloroquina é Lages, também em Santa Catarina. O município recebeu 63 mil comprimidos, em setembro, e 57 mil unidades continuam encalhadas. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 20 municípios e hospitais receberam doação de hidroxicloroquina, mas poucos levaram mais de 10 mil unidades.

Diferentemente de outras cidades, a também catarinense Pinhalzinho (SC) informou que já usou todos os 3 mil comprimidos doados e pediu novo lote a Pazuello. Outras prefeituras não responderam aos questionamentos da reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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