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No vácuo da gestão Bolsonaro, grupo cria campanha de vacinação contra Covid

No vácuo da gestão Bolsonaro, grupo cria campanha de vacinação contra Covid

Batizada de #TamoNessaJuntxs, a campanha pode ser vista no canal do grupo no YouTube e no Instagram (@tamonessajuntxs)

Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 11:40- Atualizado Data inválida

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As vacinas servem para estimular o sistema imunológico que passa a reconhecer agentes que causam doenças produzindo anticorpos
Grupo cria campanha de conscientização sobre a importância da vacinação contra a Covid-19. (Freepik)

Um plano claro, com cronograma estabelecido, insumos disponíveis, vacinas prontas para serem usadas em número suficiente e uma campanha que alerte aos brasileiros sobre a importância da imunização contra o coronavírus. O diagnóstico de que o governo federal falha sistematicamente em todos esses itens no combate à doença que já matou mais de 211 mil pessoas ao longo dos últimos 11 meses levou um grupo a agir.

Esse vácuo de ações da gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acabou por produzir uma mobilização de atores, músicos, religiosos e cidadãos em geral. Iniciativa da atriz Mika Lins, uma campanha de conscientização sobre a importância da vacinação chegou nesta quarta-feira (20) às redes.

Batizada de #TamoNessaJuntxs, a campanha pode ser vista no canal do grupo no YouTube e no Instagram (@tamonessajuntxs). Os vídeos podem, e devem, ser compartilhados, diz Mika. "Foram feitos pensando no WhatsApp. Onde as pessoas se desinformam, elas podem se informar."

Se o governo não faz, a resposta vem da própria sociedade - ao menos no que está ao alcance dela. "Não estava aguentando mais ver que esse governo não iria fazer uma campanha para estimular as pessoas a se vacinarem e resolvi fazer", afirma a atriz. "São coisas que a gente faz por angústia."

Sete vídeos de cerca de um minuto cada foram produzidos, alertando para a necessidade de que a grande maioria da população confie na vacina e seja imunizada.

Como a vacina produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, a Coronavac, única disponível no país, teve eficácia geral de 50,38%, próximo ao limite de 50% exigido pela Anvisa, uma parcela maior da população vai ter que se imunizar para que o país atinja a chamada imunidade de rebanho.

Os 6 milhões de doses da Coronavac que já estão sendo aplicadas devem terminar em poucas semanas.

Esse não é o único desafio. Além da inação, algumas das ações da gestão Bolsonaro parecem surtir efeitos semelhantes. Ao longo dos últimos meses, antes de ficar claro que não conseguiria vencer a disputa com o governo de São Paulo, Bolsonaro atacou o que chamou de "vacina chinesa" e afirmou que ele não irá se imunizar.

Em dezembro, pesquisa Datafolha mostrou que cresceu a parcela da população brasileira que não pretende tomar a dose.

Ao todo, 22% dos entrevistados disseram que não pretendem se vacinar, enquanto 73% disseram que vão participar da imunização --outros 5% disseram que não sabem. Pesquisa nacional feita em agosto apontava que apenas 9% não pretendiam se vacinar, contra 89% que diziam que sim.

Não por acaso, uma das principais mensagens dos vídeos da campanha é: "Quando chegar a hora, fique ao lado da ciência, e da vida".

Para o padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, em São Paulo, e que faz parte da campanha, este é um momento de sofrimento extremo da população e de insensibilidade demonstrada, principalmente, pelo presidente Bolsonaro. "Hoje [terça-feira], falei com uma pessoa que estava chorando. Eu atendo pessoas chorando, principalmente idosos", afirma. "É muita insensibilidade e maldade [de Bolsonaro]."

Acostumado a trabalhar com a população vulnerável que vive nas ruas e albergues de São Paulo, padre Julio diz que o desalento que toma conta das pessoas que o procuram cresce diariamente ante à inação e às declarações do presidente. "Para alguns, leva à alienação, para outros ao individualismo exacerbado", afirma.

Ele diz que convencer os negacionistas a se vacinarem deve ser mais difícil. "É preciso uma pressão popular muito grande", diz.

"É um desgoverno, um 'desministério' da Saúde muito grande", diz a atriz Maria Manoella, também participante da campanha. "Nosso objetivo é alertar, conscientizar, e que isso seja um movimento coletivo, não só para quem acredita."

Além de padre Julio e Maria Manoella, fazem parte da campanha religiosos e artistas como padre Luiz Claudio Braga, Lenine, Luiza Possi, Marco Ricca, Tony Ramos, Patrícia Pillar, Daniela Mercury, Malu Mader, Tony Bellotto, Bete Faria, Lilia Cabral, Lucio Maia, Tulipa Ruiz, Julia Lemertz, Jesuíno Barbosa, Bob Wolfenson, Denise Braga, Edgard Scandurra, Antonio Fagundes, Adriana Calcanhoto, Rosana Hermann, Adriana Esteves, Andrea Beltrão, Alessandra Negrini, Paolla Oliveira, entre outros.

A direção artística é de Mika Lins, a direcão audiovisual e a edição é de Sergio Glasberg, o texto é de Pedro Guerra e a música é de Lucio Maia.

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