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Mulheres de esquerda querem reeditar os atos Ele Não no Dia da Mulher

Mulheres de esquerda querem reeditar os atos Ele Não no Dia da Mulher

Mulheres organizadas em partidos, movimentos de esquerda e grupos feministas querem ocupar as ruas de novo no Dia da Mulher, 8 de março

Publicado em 16 de fevereiro de 2019 às 12:23

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Ato de mulheres "ENTITY_sharp_ENTITYEleNão" contra o, à época, candidato à Presidência Jair Bolsonaro, em Brasília. (Antonio Cruz/ Agência Brasil)

Elas gritaram "ele não" para tentar evitar a vitória de Jair Bolsonaro (PSL), não conseguiram, mas não desistiram de suas bandeiras.

Mulheres organizadas em partidos, movimentos de esquerda e grupos feministas querem ocupar as ruas de novo no Dia da Mulher, 8 de março.

Embora sejam vistas como uma reedição dos atos Ele Não -que antes da eleição reuniram milhares de pessoas em dezenas de cidades-, as manifestações desta vez não têm alvo único e determinado.

Combate ao feminicídio, punição aos culpados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e condições justas para as mulheres na reforma da Previdência são algumas das pautas contidas no mote oficial dos atos.

O lema completo, já espalhado nas convocações via redes sociais, é: "Mulheres contra Bolsonaro! Vivas, por Marielle! Em defesa da Previdência, democracia e direitos".

Por trás do cartaz estão voluntárias, coletivos locais e grupos de maior expressão que também articularam os eventos da época da campanha eleitoral. Os maiores públicos foram em São Paulo, Rio, Brasília e Salvador.

Parte dos envolvidos na produção é ligada a siglas como PSOL, PT, PC do B e PSTU. De novo, há a preocupação de que nenhum partido ou político use a iniciativa para se promover. A intenção é que ela seja suprapartidária.

Na capital paulista, a concentração será no Masp, na avenida Paulista, às 16h.

O 8 de março, diz Mariana Riscali, da executiva nacional do PSOL, é uma data tradicional para os movimentos sociais. "O ato acaba refletindo preocupações do momento. Foi assim quando o [deputado Eduardo] Cunha quis dificultar o acesso ao aborto legal. Ali pedimos 'fora, Cunha'."

Seria natural, continua ela, lembrar neste ano "o primeiro ano do assassinato da Marielle, a política de armas do governo que atinge diretamente as mulheres vítimas de violência doméstica, as propostas que interditam a discussão de gênero na sala de aula, criando a escola com mordaça".

Pessoas envolvidas na convocação se animam com a quantidade de mulheres que estão indo às reuniões de planejamento. Relatam que encontros preparatórios em São Paulo, Rio e Brasília já atraíram entre 150 e 200 mulheres.

Marcha Mundial das Mulheres e União Brasileira de Mulheres são duas das entidades independentes que participam das discussões, entre outros coletivos que abordam temas de gênero e raça.

"A meta é ir além do que foi o 'Ele não'", afirma Marcela Azevedo, do Mulheres em Luta, ligado ao movimento sindical Conlutas. "Agora a gente precisa dialogar também com quem votou no Bolsonaro, abrir um canal com o conjunto das mulheres da sociedade. O momento é outro."

Nos atos do segundo turno da disputa presidencial, cartazes e gritos criticaram propostas do então candidato, relacionando-o a atitudes consideradas machistas, misóginas, homofóbicas e racistas.

Artistas como os atores Renata Sorrah, Caco Ciocler, Sônia Braga e Camila Pitanga, os cantores Daniela Mercury e Arnaldo Antunes e a apresentadora Fernanda Lima aderiram à campanha.

Pelo mundo, houve protestos em Berlim (Alemanha), Buenos Aires (Argentina), Paris (França), Londres (Inglaterra), Lisboa (Portugal), Nova York (EUA), Washington (EUA) e Barcelona (Espanha).

Aliados e eleitores de Bolsonaro criticaram as manifestações. Parte reagiu ironicamente, passando a propagar o mote oposto, "ele sim".

Como os atos do próximo mês ocorrerão com o governo já em andamento, a comparação que tem sido feita é com um evento similar ocorrido nos Estados Unidos em 2017.

Em janeiro daquele ano, um dia após a posse de Donald Trump como presidente, mais de 500 mil mulheres, homens e crianças, muitas com gorros e roupas cor-de-rosa, saíram às ruas de Washington.

A Marcha das Mulheres contra Trump reuniu manifestantes em outras cidades do país e outros países para rebater discursos do governante recém-eleito e defender direitos das mulheres e das minorias.

Personalidades como as cantoras Madonna e Alicia Keys, as atrizes Scarlett Johansson, Ashley Judd e America Ferrera e o cineasta Michael Moore fizeram discursos.

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As passeatas vêm se repetindo anualmente desde então.

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