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Haddad x Bolsonaro: o risco das promessas fáceis dos candidatos

Haddad x Bolsonaro: o risco das promessas fáceis dos candidatos

Programas de governo e discursos de Bolsonaro e Haddad estão cheios de propostas que são um perigo para a estabilidade do país. A Gazeta identificou algumas delas e mostra por que são, na verdade, um problema

Publicado em 21 de outubro de 2018 às 13:31

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(Gazeta Online)

A apresentação de propostas não tem sido propriamente a marca desta campanha de segundo turno para a Presidência da República. Mas nos poucos minutos dos programas eleitorais que os candidatos Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) têm dedicado a elas, assim como em seus programas de governo e em entrevistas, promessas exorbitantes ou radicais têm enchido os olhos da população por serem embaladas como alternativas capazes de superar as crises – econômica, social, política e de segurança.

Acabar com o déficit fiscal de R$ 139 bilhões no primeiro ano de governo ou simplesmente acabar com o teto de gastos para aumentar investimentos em saúde e educação, por exemplo, são ideias para a economia que têm sido lançadas para obter o apoio da população, que, por estar assustada e ávida por mudança, as recebe com apoio e simpatia. Propostas como essas, no entanto, de complexa exequibilidade, ameaçam a estabilidade econômica.

Promessas populistas ou demagógicas não são exclusividade desta eleição, como destaca a cientista política e professora da UFRJ Ariane Roder. No entanto, as atuais circunstâncias compõem uma “tempestade perfeita” para elas emergirem.

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É natural de um líder populista fazer propostas demagógicas, que são inviáveis de serem implementadas. Tanto Bolsonaro como Lula – que está na campanha de Haddad – podem ser assim classificados. O que não é comum são algumas ideias, visivelmente absurdas, serem compradas tão facilmente pela sociedade. E eles (candidatos) não falam como vão executar tais medidas

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A pauta eleitoral tem dado muita atenção à segurança, que, por ter forte apelo, pode ser facilmente capitalizada por candidatos populistas. Os presidenciáveis não se limitaram a propor políticas públicas para a área, como também querem mudanças na lei penal.

Bolsonaro defende que os policiais e cidadãos tenham excludente de ilicitude, irrestritamente, ao reagirem a um crime, podendo até matar, se for preciso. Isso significa que o autor não seria investigado e nem responderia por seu ato, que deixaria de ser crime. Já Haddad acredita que o caminho seja aplicar mais intensamente as penas alternativas, reservando as prisões só para aqueles que cometam crimes violentos.

O coordenador do Transparência Partidária, Marcelo Issa, ressalta que o eleitor deve desconfiar de soluções simples para problemas complexos.

“A população em geral tem bastante pressa para que as questões que a afligem sejam resolvidas. E, por outro lado, falta muita educação política no Brasil. As pessoas não têm conhecimento sobre como funciona a relação entre o Legislativo e o Executivo, quais são as competências, negociações”, ressalta.

“Essas questões são de natureza muito mais profunda que exigem que uma série de instituições deem suas posições. Não é somente o presidente tomar posse. Mesmo que se tenha uma boa relação com o Congresso Nacional, não são medidas de simples aplicação. Precisariam fazer parte de uma política mais complexa”, explica Ariane.

NO MUNDO

Os especialistas consideram que a onda populista é global e tem se manifestado de muitas formas ao longo das décadas. Lideranças que apresentam um discurso com forte apelo emocional às massas têm sido vitoriosas, muitas vezes prometendo benesses sem fim, negando ou desconsiderando os problemas a serem enfrentados, e mostrando disposição em adotar medidas cujos efeitos de longo prazo são desastrosos.

Para o historiador e professor da UVV Rafael Simões, um exemplo claro é a promessa de campanha de Donald Trump de erguer um muro na fronteira entre os EUA e o México. Hoje, a Defesa Nacional americana já concluiu que o muro custará mais que o projetado, demorará mais que o planejado e não funcionará como se espera. Agora, Trump tem evitado tocar no assunto durante aparições públicas.

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O extremismo dos projetos, em ambos os lados, também são uma forma de os candidatos mobilizarem suas tribos. Mas quando o governo frustra a população por não conseguir financiar as expectativas que ele mesmo gerou, a desconfiança no processo político se alastra. A democracia dificilmente se consolidará enquanto estiver sujeita a fortes ciclos populistas

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Ariane complementa lembrando do desafio que será gerir o fator “rejeição”. “Outras lideranças populistas não tinham o nível de rejeição que os atuais candidatos têm com a outra parcela da população. Não sabemos como isso será encarado.”

POSIÇÃO DO PSL

Canetadas e apoio

 Por Carlos Manato (PSL) | Deputado federal 

As ideias do Bolsonaro são possíveis de sair do papel. É só passar um pente fino no dinheiro mal gasto, nas fraudes, que haverá sobras. Já temos a PEC que torna os gastos limitados, é só cortar o que dá. Posso afirmar: não haverá indicações políticas no 1º e 2º escalões. As mudanças que dependem de lei, são mais fáceis. Com uma canetada e apoio do Congresso resolveremos.

POSIÇÃO DO PT

Soluções possíveis

 Por Helder Salomão (PT) | Deputado federal 

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Vejo que essas propostas não são soluções fáceis, mas são possíveis. O governo atual adota uma fórmula burra, que não vai permitir a economia se recuperar. É preciso dar às pessoas condições de consumir e, para isso, tem que ter maior produção, com geração de emprego. Com uma reforma tributária, é possível acertar as contas, e Haddad tem capacidade de fazer esse debate.

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