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Governo exonera diretor da Saúde envolvido em suposto esquema de compra de vacina

Governo exonera diretor da Saúde envolvido em suposto esquema de compra de vacina

Lauricio Monteiro Cruz foi demitido um dia após a CPI da Covid aprovar a convocação do reverendo Amilton Gomes de Paula, que teria negociado a contratação de doses da vacina em nome do governo

Publicado em 8 de julho de 2021 às 10:46

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Fachada do Ministério da Saúde
Fachada do Ministério da Saúde. (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Davi Medeiros e Eduardo Gayer

O governo federal exonerou o diretor do Departamento de Imunização do Ministério da Saúde, Lauricio Monteiro Cruz. A demissão está publicada na edição desta quinta-feira (8) do Diário Oficial da União (DOU) e ocorre um dia após a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid aprovar a convocação do reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah). Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o reverendo negociou a contratação de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro com o aval de Cruz.

Randolfe, que é vice-presidente da CPI da Covid, se baseia em revelação feita pelo Jornal Nacional, da TV Globo, no último sábado. De acordo com a reportagem, o agora ex-servidor da Saúde teria autorizado o presidente da Senah a negociar vacinas com a Davati Medical Supply por valor três vezes mais alto do que o negociado anteriormente pela Pasta com outro laboratório - US$ 17,50 por dose, ante US$ 5,25 em janeiro.

As negociações com a Davati estão sob o escrutínio da CPI após o policial militar da ativa Luiz Paulo Dominghetti, que se diz representante comercial da empresa americana, declarar ter recebido um pedido de propina do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias para o governo fechar a compra de vacinas. Dias foi preso nesta quarta-feira (7) após ser acusado de mentir ao colegiado, mas pagou fiança e foi solto horas depois.

Cruz foi nomeado no Ministério da Saúde em 31 de agosto de 2020, na então gestão interina de Eduardo Pazuello. À época, a indicação foi criticada pelo fato de o agora ex-diretor de imunização ser veterinário. Ele é mestre em saúde animal pela Universidade de Brasília (UNB).

A demissão de Cruz vem na esteira de outras exonerações que ocorrem desde que supostos esquemas de corrupção na compra de vacinas contra a Covid-19 passaram a ser investigados pela CPI. Além de Cruz e Dias, a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) Francieli Fantinato pediu demissão após ter seu sigilo telefônico e telemático quebrado pelos senadores. As baixas vêm enquanto o país ainda atravessa dificuldades na vacinação contra a Covid-19 e mantém níveis altos de contaminação e mortes pelo coronavírus.

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