Publicado em 30 de janeiro de 2021 às 14:46
- Atualizado há 5 anos
Empenhado em eleger o deputado Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara dos Deputados, na próxima segunda-feira (01), o governo fez uma série de promessas envolvendo emendas e cargos. O Planalto também retaliou congressistas que tinham espaços na máquina federal e que declararam voto em Baleia Rossi (MDB-SP), principal adversário do líder do centrão.>
Diferentemente do que fez em anos anteriores, o Executivo abriu o cadastro para inscrição de municípios em programas federais que terão verbas carimbadas por deputados. Na prática, trata-se de um compromisso assumido por Lira e pelo governo em troca do apoio na eleição.>
Para disponibilizar o dinheiro para honrar as promessas, será necessário aprovar ou o Orçamento ou um projeto que abra crédito extra.>
Segundo as informações do governo, já foram cadastrados os pedidos de cerca de 600 municípios, que registraram demandas que giram em torno de R$ 650 milhões. São pedidos relativos ao Ministério do Desenvolvimento Regional, ao Ministério do Turismo e ao Ministério da Agricultura.>
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Os cálculos mais realistas de integrantes da campanha de Lira contabilizam cerca de 220 votos para o congressista. Já outros, mais otimistas, contam com no mínimo 280 apoios para o deputado.>
Além dessas promessas, feitas já durante o período de campanha, em 2020 Lira já havia feito uma série de concessões aos pares.>
No fim do ano passado, a Câmara aprovou o PLN 30, projeto de lei que abriu crédito suplementar de quase R$ 6,1 bilhões a oito ministérios. Este valor foi repassado aos líderes de partidos da base, que distribuíram entre os congressistas.>
Em dezembro, o governo já usava a liberação dos recursos referentes a essas emendas como moeda de troca e segurou verbas em casos nos quais o parlamentar não afirmava que votaria em Lira e atuou de forma contrária no caso oposto.>
Depois, passou a oferecer ainda mais recursos para quem votasse favoravelmente ao deputado.>
Em outra frente, segundo relato de congressistas, o Executivo fez uma série de nomeações em cargos de segundo escalão e estaduais durante o mês de janeiro. Da mesma forma, retirou indicados de deputados que estavam em órgãos federais.>
Um exemplo é o do deputado federal Flaviano Melo (MDB-AC). Ele relatou a três colegas que o governo federal demitiu nomes apadrinhados por ele que estavam empregados em postos no Acre. Melo declarou apoio a Baleia e apareceu em fotos com ele.>
Embora Bolsonaro sempre dissesse que não abriria espaço em cargos de primeiro escalão, alguns ministérios entraram na negociação. O da Cidadania, por exemplo, deve ficar com o Republicanos.>
De acordo com congressistas, o próprio Lira e seus aliados ofereceram outros postos e pressionam por cargos. Se o deputado do PP ganhar de fato a eleição, a tendência é que Bolsonaro abra ainda mais postos.>
O próprio presidente disse na sexta-feira (29) que pretende recriar os Ministérios da Cultura, do Esporte e da Pesca. Ele condicionou a recriação das pastas à eventual vitória de seus aliados nas disputas pelos comandos da Câmara e do Senado. Neste sábado (30), porém, Bolsonaro negou a intenção de recriar os três ministérios.>
Atualmente, o governo Bolsonaro tem 23 ministérios, 8 a mais do que os 15 prometidos durante a campanha eleitoral.>
Segundo aliados do governo, integrantes do centrão também pressionam pela troca do general Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde. Um dos cotados para assumir caso o militar seja exonerado é o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).>
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ficou tão irritado na última semana com a interferência do governo que chegou a telefonar para o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) para reclamar, como revelou a Folha. Em entrevista à imprensa, Maia lamentou a interferência do Planalto na disputa da Câmara.>
"É um alerta aos deputados e deputadas que a intenção do presidente é transformar o Parlamento num anexo do Palácio do Planalto, o que enfraquece o mandato de cada deputado e cada deputada e, principalmente, o protagonismo da Câmara dos Deputados nos debates com a sociedade.">
Maia estimou que o Executivo tenha prometido cerca de R$ 20 bilhões em emendas extraorçamentárias para tentar assegurar apoio a Lira.>
"Pela conta que eu fiz e pelo Orçamento que nós teremos para 2021, pelo que eu já vi que o governo está prometendo junto com seu candidato, vai dar pelo menos uns R$ 20 bilhões de emendas extraorçamentárias", disse.>
"Eu quero saber em que Orçamento para o ano de 2021, com todo problema do teto de gastos, que eles poderão cumprir, se vitoriosos, essa promessa.">
Nos últimos dias antes da eleição, as duas campanhas brigaram para conseguir a maioria dos apoios de dois partidos, principalmente o DEM e o Solidariedade.>
A cúpula de ambas as legendas declarou apoio a Baleia. As bancadas dos partidos, porém, racharam. Lira, então, trabalha para assegurar que a metade mais um dos 31 deputados do DEM assinem uma lista para que migrem formalmente para o bloco dele.>
Segundo integrantes da cúpula do partido, até sexta-feira, 14 deputados estavam fechados com Baleia, 13 com Lira, e 4 eram considerados voláteis. Já o Solidariedade, que tem 14 deputados, também está rachado ao meio.>
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