Publicado em 19 de novembro de 2024 às 14:41
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O general Mário Fernandes, preso nesta terça-feira (19) e que foi secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro, é apontado pela Polícia Federal como o responsável por elaborar o plano para matar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, o presidente Lula (PT) e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB).>
Segundo as investigações, Fernandes teria imprimido o planejamento para matar Lula e Moraes em de 9 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto. Cerca de 40 minutos depois, ele teria ido até o Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência então ocupada por Bolsonaro.>
De acordo com o relatório da PF, o planejamento operacional chamado de "Punhal Verde e Amarelo" previa uso de metralhadoras e explosivos e o envenenamento de Lula e de Moraes.>
A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão e de prisão nesta terça-feira (19) contra suspeitos de integrarem uma organização criminosa que, segundo as investigações, planejou um golpe de Estado em 2022 para impedir a posse do presidente Lula (PT).>
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A operação foi autorizada por Moraes e mirou um general da reserva, um policial federal e militares com formação nas forças especiais, os chamados "kids pretos".>
Lula derrotou o então presidente Bolsonaro em 2022 após uma acirrada disputa de segundo turno. Durante seu mandato, o hoje inelegível Bolsonaro acumulou declarações golpistas e atualmente é alvo de investigação da PF sobre o seu papel na trama que tentou impedir a posse do presidente eleito.>
Até aqui, os elementos de prova de atos de cunho golpista em 2022 geram controvérsia sobre qual seria o enquadramento criminal. O debate gira em torno da questão de quais condutas investigadas deixam de ser atos preparatórios de um crime -não puníveis- e passam a ser uma tentativa de cometê-lo.>
Sobre o general Mário Fernandes, a PF ainda aponta haver registros de frequência nos acampamentos golpistas em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília. E que ele mantinha relação com lideranças das manifestações que atuaram no período pós-eleição, como nos atos golpistas do 8 de janeiro.>
De acordo com a decisão de Moraes, o general era a principal ponte do governo Bolsonaro com os manifestantes instalados em frente aos quartéis que pediam intervenção militar.>
"Mário Fernandes era o ponto focal do governo de Bolsonaro com os manifestantes golpistas. Além de receber informações, também servia como provedor material, financeiro e orientador dos manifestantes antidemocráticos", diz um trecho do relatório da PF.>
Os policiais encontraram sob posse de Mário Fernandes um outro documento do contendo um esquema mais detalhado de "características terroristas" para o sequestro de Moraes. O documento é denominado de "Fox_2017.docx", segundo as investigações.>
Inicialmente, o planejamento previa o levantamento do aparato da segurança pessoal de Moraes, incluindo, os armamentos e veículos blindados usados pelo ministro do STF.>
O plano também descrevia as principais rotas usadas por Moraes em Brasília e os principais locais que o ministro frequentava. Apesar disso, o texto diz haver necessidade de realizar uma análise de das áreas por 15 dias no Distrito Federal e São Paulo.>
O documento também revela a necessidade do uso de 6 celulares descartáveis da operadora Tim. Segundo a PF, essa tática teria sido colocada em prática na operação "Copa 2022", realizada pelos integrantes das Forças Especiais em 15 de dezembro de 2022.>
Além do processo de monitoramento de Moraes, o planejamento elaborado por Fernandes descrevia o tipo de munição e o armamento que deveria ser usado no ataque a Moraes.>
O documento previa o uso de pistolas 9 milímetros, fuzis de calibres 5,56 ou 7,62, metralhadoras M249, e também um lança granadas.>
Segundo os investigadores, Mário Fernandes também elaborou uma minuta para criação do Gabinete de Institucional de Gestão de Crise, que seria criado para cuidar da situação após a eventual concretização do plano de matar Moraes, Lula e Alckmin.>
O gabinete seria comandado pelo então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Heleno. A coordenação ficaria sob responsabilidade do então ministro da Casa Civil, general Braga Netto.>
Os outros cargos do alto escalão seriam compostos pelo próprio general da reserva, Mário Fernandes, e pelo coronel Elcio. Já a função de relações institucionais ficaria a cargo de Filipe Martins, ex-assessor que foi preso na operação Tempus Veritatis em fevereiro.>
Entre março de 2023 e março de 2024, Fernandes foi lotado no gabinete do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde de Bolsonaro.>
Em nota, Pazuello informou que o oficial foi desligado da função de assessor após ter sido "identificado seu impedimento para exercer cargo público".>
"Pazuello esclarece ainda que só tomou conhecimento da prisão do general Mário e dos demais oficiais por meio da imprensa na data de hoje. O deputado reafirma sua crença nas instituições do país e na idoneidade do General Mário Fernandes, na certeza de que logo tudo será esclarecido", diz o comunicado.>
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