Publicado em 22 de abril de 2023 às 09:14
O general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), disse em depoimento à Polícia Federal que houve um "apagão" geral do sistema de inteligência na crise de 8 de janeiro. Ele também disse não saber informar qual era a classificação de risco dada pelas autoridades para o dia dos ataques.>
"Que indagado se o declarante entende se houve apagão da inteligência, respondeu que acredita que houve um 'apagão' geral do sistema pela falta de informações para tomada de decisões", diz o depoimento dado por Dias nesta sexta-feira (21). A declaração do general foi obtida pela Folha.>
Dias pediu demissão na quarta-feira (19) após a CNN Brasil divulgar imagens do circuito interno de segurança no Palácio do Planalto. Nelas, é possível ver integrantes do GSI auxiliando os invasores, sendo que um dos agentes chegou a fornecer água para as pessoas que circulavam e participavam da depredação.>
O próprio Dias aparece em alguns trechos das imagens, no terceiro andar do Planalto, sem dar ordem de prisão aos invasores.>
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Sobre sua presença no terceiro andar do Planalto, Gonçalves Dias disse no depoimento que realizava no momento "gerenciamento de crise"; e que não tinha como deter sozinho o grupo de invasores.>
"(Dias respondeu): Que indagado porque no 3° e 4° piso conduziu as pessoas e não efetuou pessoalmente a prisão, respondeu que estava fazendo um gerenciamento de crise e essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança no 2° piso tão logo descessem, pois esse era o protocolo; QUE o declarante não tinha condições materiais de sozinho efetuar prisão das 3 pessoas ou mais que encontrou no 3° e 4° andar, sendo que um dos invasores encontrava-se altamente exaltado", afirmou.>
Questionado sobre o militar que deu água aos invasores, Dias disse na oitiva que não estava no local quando isso ocorreu. Mas que, se tivesse presenciado a cena, teria prendido o agente que auxiliou os invasores.>
O general declarou ainda que não deu ordem para que os invasores fossem evacuados do Planalto. Dias afirmou que determinou a subordinados que os golpistas fossem presos depois de encaminhados ao segundo andar do edifício.>
Gonçalves Dias chegou à sede da PF, em Brasília, às 9 horas desta sexta. Deixou o local por volta de 13h30, sem dar declarações à imprensa. Ele foi ouvido no âmbito do inquérito que investiga o ataque às sedes dos Poderes em 8 de janeiro.>
Depois, divulgou uma nota na qual disse que seu comparecimento é uma "oportunidade de esclarecer os fatos" e que não tem qualquer responsabilidade pelo ocorrido em 8 de janeiro.>
"O comparecimento na sede da Polícia Federal é, para mim, uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa. Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade seja omissiva ou comissiva nos fatos do dia 8 de janeiro", disse o general na nota.>
No depoimento à PF, Gonçalves Dias foi questionado sobre as informações que as autoridades dispunham nos dias que antecederam o 8 de janeiro e qual era o nível de risco avaliado para a ocasião. >
Ele afirmou que antes do dia dos ataques "não teve conhecimento" de qualquer documento produzido pelo subordinado responsável que indicava "risco laranja" para a ocasião. Ele disse ter tido acesso a essa informação posteriormente.>
(Dias respondeu:) Que não tem informações decoradas sobre como a segurança do Palácio do Planalto deve ser empregada no cenário de risco laranja, mas estas devem estar no Plano Escudo; que não sabe dizer qual a classificação de risco para o evento de 8 de janeiro e se seria de normalidade; que o responsável pela classificação de risco do evento seria o General Feitosa; que não sabe em que dados o GSI se baseou para classificar o risco do evento", declarou o general. >
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