Publicado em 7 de agosto de 2024 às 11:05
SÃO PAULO - O arsenal do crime organizado no Brasil ganhou um reforço que não é capaz de causar ferimentos ou ser utilizado na linha de frente, mas pode ser útil na disputa por território ou em conter as forças de segurança. A PF investiga o uso de fuzis antidrone por facções criminosas.>
Os criminosos miram o fuzil em direção aos drones inimigos e derrubam os aparelhos com o disparo de sinais de radiofrequência. A arma impede que o espaço aéreo nas regiões dominadas pelo tráfico seja monitorado pela polícia ou pelos rivais.>
O uso dos fuzis antidrone pelo crime veio à tona no mês passado, quando a PF e a Receita Federal prenderam um homem que recebeu uma dessas armas pelos Correios em Nova Iguaçu (RJ). "Isso aí é amadorismo, ninguém importa arma desse jeito", disse ao UOL uma fonte familiarizada com o combate ao crime organizado pelas forças de segurança.>
Segundo essa fonte, que não quis se identificar por segurança, armamentos como esse chegam ao Brasil pelas fronteiras. As fronteiras com o Paraguai e a Bolívia, dominadas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), seriam exemplos de porta de entrada.>
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O UOL entrou em contato com a PF para o envio de informações sobre o combate ao uso dessas armas e dados sobre apreensões. A instituição disse que não envia posicionamento sobre casos em andamento. Já a Receita Federal informou que só há o registro dessa apreensão de julho.>
"Isso [única apreensão divulgada] não representa a realidade", disse a fonte. "Essas armas entram facilmente pelas fronteiras. As fronteiras com a Bolívia, Peru e Paraguai, por exemplo, são imensas", acrescentou.>
O fuzil antidrone pode ser utilizado pelo crime no nível tático, explicou ao UOL o especialista em segurança Vinícius Domingues Cavalcante. "A arma vai atrapalhar a orientação dos drones inimigos. É preciso perceber a aproximação porque o drone, muitas vezes, faz pouco ruído e, dependendo da altura, pode não ser visto".>
Para Cavalcante, o fuzil antidrone pode ser dado a um olheiro do crime que esteja em uma posição alta de um morro, por exemplo. "Também tem uma questão de exibição. Quando você mostra para o adversário que tem capacidade, exibe o armamento, isso tem um efeito psicológico", analisa o consultor em segurança.>
O fuzil é só uma das armas antidrone disponíveis no mercado. Segundo a fonte ouvida pelo UOL sob anonimato, facções criminosas com mais recursos, como o PCC, têm acesso a sistemas antidrone mais sofisticados. "Com o uso de antenas e um software específico, é possível criar uma 'barreira invisível' para bloquear a passagem de drones desconhecidos", explica.>
No Brasil, as armas antidrone são de uso restrito das forças de segurança. Um fuzil desse tipo, produzido pela empresa australiana DroneShield, foi usado na posse do presidente Lula no ano passado.>
O uso da DroneGun Tactical foi homologado em setembro de 2021 pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). O UOL entrou em contato com a entidade sobre os dados de fuzis antidrone homologados no Brasil, mas não obteve resposta.>
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