Publicado em 26 de junho de 2021 às 18:29
O relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou neste sábado (26) que o colegiado começou pelo vírus, em alusão ao novo coronavírus, e chegou "ao câncer da corrupção". >
"CPI se sabe como começa, não como termina. Esta começou investigando o vírus e acabou chegando ao câncer, ao câncer da corrupção", afirmou o senador.>
Nesta sexta-feira (25), o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), entrou no centro das apurações da CPI da Covid sobre supostas irregularidades na compra da Covaxin.>
O nome de Barros foi citado pelo colega Luis Miranda (DEM-DF). Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atribuiu ao líder do governo envolvimento na aquisição da vacina indiana.>
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"A senhora [senadora Simone Tebet (MDB-MS)] também sabe que foi o Ricardo Barros que o presidente falou. Eu não me sinto pressionado para falar, eu queria falar desde o primeiro momento, mas é porque vocês não sabem o que vou passar", disse Miranda, após ser questionado diversas vezes sobre qual parlamentar teria sido citado pelo mandatário.>
Renan disse neste sábado que ainda não há consenso para a prorrogação da CPI. Os trabalhos valem por 90 dias e devem terminar no dia 7 de agosto. Se prorrogada, irá até novembro.>
"Ainda não [há entendimento pela prorrogação], mas o governo continua obstruindo, intimidando testemunhas, mentindo através de seus depoentes e dificultando o acesso aos documentos –25 dias depois da aprovação do acesso, o MS [Ministério da Saúde] continua a impedir. Agora, com o acesso à corrupção, o grande esquema de corrupção, esta prorrogação se justifica", afirmou.>
De acordo com o senador, no entanto, a coleta de assinaturas para uma prorrogação é viável. Para a CPI estender os trabalhos, é necessário o apoio de 27 dos 81 senadores.>
"Assinaturas esta CPI sempre teve em excesso. Por isso foi criada, instalada e funciona como nenhuma outra funcionou. Modestamente, não haverá problema", disse Renan.>
Segundo o relator, o trabalho do colegiado tem surtido efeito. "A CPI já impactou muita coisa, uma delas foi o estímulo à volta às ruas, desde que com máscara e com cuidados sanitários", disse.>
O caso sobre supostas irregularidades na compra da Covaxin pelo governo Bolsonaro foi revelado pela Folha no dia 18 de junho, com a divulgação do teor do depoimento do irmão do deputado do DEM, o servidor Luís Ricardo Miranda, do Ministério da Saúde.>
Ele disse em oitiva no Ministério Público Federal que recebeu uma pressão "atípica" para agilizar a liberação da vacina indiana, desenvolvida pelo laboratório Bharat Biotech.>
Na leitura da cúpula da CPI, as investigações, após o depoimento de sexta, entram em novo patamar devido às declarações sobre Ricardo Barros. Os parlamentares ainda consideram que atingiram o discurso de combate à corrupção do governo Jair Bolsonaro.>
Para um membro da comissão que falou reservadamente com a Folha, o colegiado acredita que terá maior apoio da opinião pública, mas precisará entregar mais elementos sobre as suspeitas de irregularidades na compra da vacina.>
Segundo Miranda, ao avisar Bolsonaro das supostas irregularidades, o presidente teria prometido acionar a PF (Polícia Federal) para investigar o caso. Mas a PF não encontrou registro de nenhum inquérito aberto sobre compra da vacina Covaxin.>
"O presidente só não disse que não podia fazer nada porque seria ruim para ele", afirmou Renan.>
Para a cúpula da CPI, há fortes indícios de que Bolsonaro cometeu crime de prevaricação, por não ter acionado a PF. A oposição ao governo diz que a omissão do presidente mostra que ele agiu de acordo com os interesses pessoais e políticos.>
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