Publicado em 31 de março de 2021 às 08:48
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em email disparado na segunda-feira (29), o Comando Militar do Planalto alertou >
O alerta cita um comunicado do comandante do Exército, de agosto de 2019, que estabelece que as "normas de conduta" se estendem a mídias sociais e a manifestações e veículos de comunicação.>
O general Edson Leal Pujol deixou nesta terça (30) o cargo de comandante do Exército. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu demiti-lo por, entre outras razões, discordar da postura discreta do militar em relação a uma defesa do governo. Pujol, por exemplo, não tem contas em redes sociais.>
A demissão foi acompanhada do afastamento dos comandantes da Aeronáutica e da Marinha. O brigadeiro Antonio Bermudez e almirante Ilques Barbosa Júnior também foram demitidos, após colocarem os cargos à disposição.>
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O gesto é inédito desde a redemocratização, e abriu uma crise militar sem precedentes.>
O Comando Militar do Planalto é um dos comandos de área do Exército, e abrange, por exemplo, o Batalhão da Guarda Presidencial e o Batalhão de Polícia do Exército de Brasília.>
O comandante é o general de divisão Rui Yutaka Matsuda. Ele confirmou à reportagem o envio do email às unidades subordinadas, com o alerta de vedações legais de manifestações políticas coletivas, inclusive em redes sociais.>
Segundo Matsuda, o reforço de normas vigentes é feito de tempos em tempos, sendo uma decisão específica de cada comandante. O general assumiu a função em agosto do ano passado.>
O recado foi dirigido principalmente, segundo o comandante, a militares temporários. Um estágio se encerrou no último dia 22, e outro teve início em seguida.>
Assim, o email do dia 29 teve o objetivo de reforçar o normativo legal vigente, conforme o general. "Só comando militares da ativa do Comando Militar do Planalto", afirmou.>
O email cita vedações que fazem parte da Constituição Federal, do Estatuto dos Militares e do regimento do Exército.>
São proibidas greve e sindicalização por parte de militares, assim como filiação a partido político por parte de militares da ativa, afirma a mensagem.>
Outra proibição é a associação de militares para "defesa de interesses corporativos", conforme lembra o email.>
"Ao militar ativo ou inativo é vedado tomar parte em qualquer manifestação coletiva, seja de caráter reivindicatório ou político, seja de crítica ou de apoio a ato de superior hierárquico", afirma o comando, por meio de uma mensagem do coronel Cláudio Alexandre de Almeida, chefe do Estado-Maior do comando, "por ordem do comandante".>
As normas de conduta se aplicam "a todos os momentos da carreira militar, independente se em contexto real ou virtual, por meio de mídias sociais ou outros meios de comunicação, o que já foi apontado em mensagem do comandante do Exército nº 11, de 13 Ago 2019".>
O email foi enviado dois dias antes da data do golpe militar de 1964. Na chamada ordem do dia, a ser lida na quarta (31), o ministro Braga Netto afirma que o golpe é parte da trajetória histórica do Brasil e que "devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março".>
Segundo o comandante do Planalto, não há relação entre o envio do email e a data do golpe de 1964.>
Em 2019, o primeiro ano do mandato de Bolsonaro, o presidente determinou que o golpe fosse comemorado. E assim foi feito: um ato no pátio do Comando Militar do Planalto serviu para "relembrar" um "momento cívico-militar".>
O ato durou 30 minutos e contou com a presença do general Pujol e de mais 350 militares. Estavam representados Guarda Presidencial e Dragões da Independência, entre outros.>
Segundo o comandante do Planalto, o ato não se repetirá neste ano. Haverá, segundo Matsuda, envio da ordem do dia para que seja lida, mas sem atividades militares como as realizadas em 2019. A mudança se deve à pandemia, conforme o general.>
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