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Articulador de Hartung opera para tirar MDB da chapa de Rose

Articulador de Hartung opera para tirar MDB da chapa de Rose

Chefe da Casa Civil, Paulo Roberto Ferreira mantém tratativas com o MDB. Dirigente do partido, entretanto, reforça que tendência é fechar apoio à senadora

Publicado em 4 de agosto de 2018 às 20:19

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Paulo Roberto, secretário-chefe da Casa Civil de Hartung, defende aliança com PTB no lugar do apoio a Rose. (Reinaldo Carvalho/ALES)

Às vésperas da decisão final sobre alianças eleitorais, os dirigentes do MDB não estão falando a mesma língua no Espírito Santo. No início da convenção do partido neste sábado (04), o secretário-geral do MDB, Chico Donato, afirmou taxativamente que hoje "a tendência é ir com Rose de Freitas", "em função das conversas iniciadas há mais tempo".

Minutos depois, no momento em que chegava à convenção, um dos principais articuladores políticos do governador Paulo Hartung (MDB), Paulo Roberto Ferreira (do mesmo partido), contradisse Donato: segundo ele, "a conversa está muito avançada" com o PTB, partido da base de Hartung que acaba de lançar a candidatura do economista Aridelmo Teixeira ao governo.

Na última terça-feira (31), o MDB assinou uma carta de apoio a Rose, ao lado de outros sete partidos. Na quinta (02), o presidente estadual do MDB, Lelo Coimbra, esteve ao lado de Rose no palanque da convenção do partido da senadora, o Podemos. Mesmo assim, segundo Paulo Roberto, ele reuniu-se com o presidente estadual do PTB, na noite de sexta (03), em uma conversa que "entrou pela madrugada", para discutirem eventual apoio do MDB a Aridelmo.

Paulo Roberto é um dos mais leais aliados de Paulo Hartung e uma espécie de curinga no baralho do governador. Só no atual governo, passou por três posições estratégicas: secretário-chefe da Casa Civil, secretário da Fazenda e chefe de gabinete. Agora, está de volta à Casa Civil, órgão responsável pela articulação política do governo.

Na hierarquia do MDB, Paulo Roberto está abaixo de Chico Donato. Ele é membro do diretório estadual e suplente da executiva estadual. Ele afirma, porém, que foi escalado pelo MDB para conduzir as conversas com o PTB, que podem culminar com uma mudança de palanque no apagar das luzes.

Durante a convenção deste sábado, a decisão sobre coligação foi delegada à executiva estadual (ou seja, não foi batido o martelo).

ARGUMENTOS DO PALÁCIO

De acordo com o emissário de Hartung, dois são os fatores que podem levar o MDB a passar do palanque de Rose para o de Aridelmo: a formação de chapas proporcionais mais interessantes na eleição de deputados e, destacadamente, a "identidade programática" com o PTB (que também é base do governo) e com o próprio Aridelmo (quase nomeado, em junho, secretário de Educação de Hartung).

"A marca MDB hoje no Espírito Santo está vinculada ao governo de Paulo Hartung. Então é evidente que, onde o MDB estiver, o partido certamente vai colocar a necessidade de defesa do que foi construído no Espírito Santo", afirmou Paulo Roberto.

"A conversa está muito boa, muito avançada. Independentemente da participação ou não do MDB na chapa, o que o PTB tem consolidado é no sentido de que o Espírito Santo precisa dar sequência a esse trabalho que foi feito nestes três anos e meio. Essa é uma premissa que foi colocada. E isso nos aproxima muito de Aridelmo, que tem se colocado de forma clara no sentido de fazer uma defesa do legado daquilo que foi construído no Espírito Santo nestes últimos três anos e meio", completa o curinga de Hartung.

DONATO TEM OUTRA VERSÃO

Chico Donato: MDB tem conversas "mais adiantadas" com Rose. (Fernando Madeira)

Chico Donato tem outra versão, no entanto. Segundo ele, é mais provável que ocorra o contrário, isto é, que o PTB volte para a coligação em torno de Rose, da qual se desgarrou justamente para lançar candidatura própria com Aridelmo.

"O PTB no início fazia parte dessa conversa em torno da Rose. Mas não tem o mesmo tempo de conversa que nós temos com o Podemos. Então o tempo de maturação com o Podemos está maior do que com o PTB", discorreu o secretário-geral do MDB. "O PTB faz parte desse grupo e, por decisão plenamente respeitável, decidiu lançar Arildemo. Pode ser que o PTB volte para a coligação de Rose porque faz parte desse bloco que dá sustentação ao governo atual.

Donato a possibilidade técnica de mudança de última hora, mas reforça as conversas "bastante adiantadas" com Rose.

"A possibilidade de mudança existe até o limite da legislação. Vamos encerrar aqui (a convenção) às 13h de hoje e, até às 13h de domingo, isso tudo tem que ser enviado ao TRE. As conversas com a Rose de Freitas estão bastante adiantadas. Ontem, conversamos muito, o MDB e mais outros partidos na coligação de Rose. E vamos continuar conversando, ainda hoje, para poder adequar as demandas de cada candidatura proporcional, a deputado estadual e federal."

O ex-secretário de Estado da Segurança Pública André Garcia entre o presidente estadual do PMDB, Lelo Coimbra, e o secretário-geral do partido, Chico Donato. Na foto também está o chefe de gabinete do governador Paulo Hartung, Paulo Roberto Ferreira. (PMDB/Divulgação)

Na eleição majoritária (ao governo do Estado), o MDB também busca emplacar ou o vice de Rose ou um candidato ao Senado. Um dos nomes cotados é o do ex-secretário estadual de Segurança Pública André Garcia, filiado ao MDB no último mês de abril. A princípio, ele é pré-candidato a deputado estadual.

CENA POLÍTICA

Ante a indefinição do MDB, tanto Rose quanto Serjão Magalhães passaram pela convenção da legenda neste sábado. Talvez não por coincidência, já que ambos disputam o apoio da sigla do governador, o presidente estadual do PTB só entrou no auditório depois que Rose se retirou.

Rose disse esperar que a aliança com o MDB seja referendada. "Espero que isso aconteça, até porque eu estou umbilicalmente ligada à história desse partido. É uma pena que lá atrás (entre março e abril), não tivemos essa leitura. Todos os lados: tanto eu quanto o presidente do partido (Lelo)."

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Na convenção, Rose pediu apoio aos dirigentes e militantes de sua antiga casa, o MDB (ela trocou o partido pelo Podemos em abril). "A proposta é que todos caminhemos juntos neste momento especial."

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