O homem que feriu o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) com uma faca, Adélio Bispo de Oliveira, esteve, sim, na Câmara dos Deputados em 2013, mas não é possível afirmar que ele visitou ou foi ao gabinete de algum dos deputados do PSOL como afirmam site, páginas e perfis em redes sociais.
O site Jornal da Cidade publicou a foto dos três deputados do PSOL na legislatura passada Ivan Valente, Chico Alencar e Jean Willys e afirmou que um deles teria recebido Adélio. O site faz uma ilação baseada no fato de Adélio ter visitado a Câmara e no fato de ele ser, na época, filiado ao PSOL. Contudo, não há qualquer evidência de que o agressor tenha se encontrado com algum dos três parlamentares.
A informação foi verificada pelo projeto Comprova, coalizão que reúne 24 veículos de imprensa do Brasil para combater a desinformação na internet. A checagem envolveu profissionais da GaúchaZH, Bandnews FM, NSC, O Povo, Veja, Poder 360, piauí, SBT, Jornal do Commercio e Gazeta Online.
A informação da ida de Adélio à Câmara foi divulgada inicialmente pelo deputado Fernando Francischini (PSL-PR) e ganhou destaque a partir de publicações no Twitter, no Facebook, em sites e em mensagens de WhatsApp. Porém, ninguém soube afirmar, até agora, qual foi o gabinete supostamente visitado por Adélio. Nem mesmo se ele visitou algum gabinete.
Ao Comprova, a assessoria de imprensa da Câmara confirmou a visita de Adélio: "Há registros de que, no dia 6 de agosto de 2013, Adélio Bispo de Oliveira ingressou na Câmara dos Deputados, por duas vezes, pela portaria do Anexo IV. O registro é feito no Sistema de Identificação de Visitantes", informou, em nota, o departamento.
No prédio do Anexo IV está localizada a maioria dos gabinetes dos deputados federais, um restaurante panorâmico e uma capela ecumênica projetada por Oscar Niemeyer.
A Câmara também informou que não há informações no sistema "sobre o destino do visitante", nem como "saber o local ao qual ele se dirigiu" porque "as imagens captadas pelo Circuito Fechado de Televisão (CFTV) ficam armazenadas somente por determinado período". Essa nota é assinada pelo diretor do Departamento de Polícia Legislativa da Câmara, Paul Pierre Deeter.
Adélio foi filiado ao PSOL entre 2007 e 2014. Também procurada pelo Comprova, a liderança do PSOL na Câmara alegou que "a Câmara dos Deputados recebe cerca de 580 mil visitantes por ano, 44 mil por mês (...) e que "não é possível verificar se a pessoa citada no texto esteve no gabinete de algum deputado do PSOL ou de qualquer outra legenda".
A informação de que Adélio esteve na Casa foi divulgada por Francischini, que em nenhum momento afirmou saber o motivo da visita. Ele protocolou requerimento de informações ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para obter detalhes da visita do agressor.
No dia da visita de Adélio, a Câmara teve duas sessões em plenário uma não deliberativa , encontros de comissões, como Orçamento, Legislação Participativa e Cultura, e uma discussão sobre a reforma do ensino médio. Na data, também ocorreu uma reunião do presidente da Casa à época, Henrique Alves (MDB-RN) com movimentos que pediam o fim dos autos de resistência quando a polícia alega legítima defesa para dizer que alguém que considera suspeito resistiu à prisão e, por isso, foi morto.
Nas fotos divulgadas pela Casa naquele dia, não é possível localizar Adélio.
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