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Adélio esteve na Câmara, mas não se sabe se visitou deputados do PSOL

Adélio esteve na Câmara, mas não se sabe se visitou deputados do PSOL

Registro da visita do homem que esfaqueou Bolsonaro foi captado em 2013 pelo Sistema de Identificação de Visitantes

Publicado em 17 de setembro de 2018 às 16:38

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O homem que feriu o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) com uma faca, Adélio Bispo de Oliveira, esteve, sim, na Câmara dos Deputados em 2013, mas não é possível afirmar que ele visitou ou foi ao gabinete de algum dos deputados do PSOL como afirmam site, páginas e perfis em redes sociais.

O site Jornal da Cidade publicou a foto dos três deputados do PSOL na legislatura passada – Ivan Valente, Chico Alencar e Jean Willys – e afirmou que um deles teria recebido Adélio. O site faz uma ilação baseada no fato de Adélio ter visitado a Câmara e no fato de ele ser, na época, filiado ao PSOL. Contudo, não há qualquer evidência de que o agressor tenha se encontrado com algum dos três parlamentares.

A informação foi verificada pelo projeto Comprova, coalizão que reúne 24 veículos de imprensa do Brasil para combater a desinformação na internet. A checagem envolveu profissionais da GaúchaZH, Bandnews FM, NSC, O Povo, Veja, Poder 360, piauí, SBT, Jornal do Commercio e Gazeta Online.

Adélio esteve na Câmara em 2013 mas ainda não se sabe se visitou deputados do PSOL . (Reprodução)

A informação da ida de Adélio à Câmara foi divulgada inicialmente pelo deputado Fernando Francischini (PSL-PR) e ganhou destaque a partir de publicações no Twitter, no Facebook, em sites e em mensagens de WhatsApp. Porém, ninguém soube afirmar, até agora, qual foi o gabinete supostamente visitado por Adélio. Nem mesmo se ele visitou algum gabinete.

Adélio Bispo foi preso acusado de esfaquear Bolsonaro. (Reprodução de TV)

Ao Comprova, a assessoria de imprensa da Câmara confirmou a visita de Adélio: "Há registros de que, no dia 6 de agosto de 2013, Adélio Bispo de Oliveira ingressou na Câmara dos Deputados, por duas vezes, pela portaria do Anexo IV. O registro é feito no Sistema de Identificação de Visitantes", informou, em nota, o departamento.

No prédio do Anexo IV está localizada a maioria dos gabinetes dos deputados federais, um restaurante panorâmico e uma capela ecumênica projetada por Oscar Niemeyer.

A Câmara também informou que não há informações no sistema "sobre o destino do visitante", nem como "saber o local ao qual ele se dirigiu" porque "as imagens captadas pelo Circuito Fechado de Televisão (CFTV) ficam armazenadas somente por determinado período". Essa nota é assinada pelo diretor do Departamento de Polícia Legislativa da Câmara, Paul Pierre Deeter.

Adélio foi filiado ao PSOL entre 2007 e 2014. Também procurada pelo Comprova, a liderança do PSOL na Câmara alegou que "a Câmara dos Deputados recebe cerca de 580 mil visitantes por ano, 44 mil por mês (...) e que "não é possível verificar se a pessoa citada no texto esteve no gabinete de algum deputado do PSOL ou de qualquer outra legenda".

A informação de que Adélio esteve na Casa foi divulgada por Francischini, que em nenhum momento afirmou saber o motivo da visita. Ele protocolou requerimento de informações ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para obter detalhes da visita do agressor.

No dia da visita de Adélio, a Câmara teve duas sessões em plenário – uma não deliberativa –, encontros de comissões, como Orçamento, Legislação Participativa e Cultura, e uma discussão sobre a reforma do ensino médio. Na data, também ocorreu uma reunião do presidente da Casa à época, Henrique Alves (MDB-RN) com movimentos que pediam o fim dos autos de resistência – quando a polícia alega legítima defesa para dizer que alguém que considera suspeito resistiu à prisão e, por isso, foi morto.

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Nas fotos divulgadas pela Casa naquele dia, não é possível localizar Adélio.

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