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18 milhões vivem em lares que usam rede geral, mas que não recebem água diariamente

18 milhões vivem em lares que usam rede geral, mas que não recebem água diariamente

IBGE também diz que 4,7 milhões de domicílios ainda queimam lixo, especialmente na zona rural

Publicado em 22 de agosto de 2025 às 11:08

RIO DE JANEIRO - Ter acesso à rede geral não basta para garantir o abastecimento diário de água para parte dos brasileiros. É o que indicam dados divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em 2024, 181,5 milhões de pessoas viviam em domicílios cuja principal forma de abastecimento era a rede geral.

Do contingente total, 8,5 milhões de habitantes só tinham distribuição de água de 1 a 3 dias por semana (4,7%), enquanto 9,6 milhões contavam com o serviço de 4 a 6 dias (5,3%). Esses dois grupos somavam 18,1 milhões de pessoas sem abastecimento diário.

Ter água todos os dias por meio da rede era uma realidade para 159,9 milhões de moradores em 2024. O contingente correspondia a 88,1% do total atendido principalmente por essa estrutura. O percentual avançou ante o início da série, em 2016 (86,7%), mas encolheu se comparado a 2023 (88,6%).

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Pesquisa mostra que 8,5 milhões de habitantes só contam com distribuição de água de 1 a 3 dias por semana Crédito: Guilherme Ferrari/Arquivo

Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Os números reforçam a existência de desigualdades regionais na área de saneamento básico que já apareceram em outras divulgações do IBGE.

Considerando a população que vivia em lares atendidos principalmente pela rede geral, o Distrito Federal tinha o maior percentual de moradores com água diariamente (98,1%), seguido pelo Mato Grosso do Sul (97,9%).

Por outro lado, essa proporção era inferior a 50% em dois estados: Pernambuco (44,2%) e Acre (48,5%).

O cenário é semelhante quando se considera o percentual de domicílios (e não de moradores) conectados à rede com água todos os dias. De novo, Distrito Federal (98,2%) e Mato Grosso do Sul (98%) mostraram os maiores patamares, enquanto Pernambuco (44,2%) e Acre (48,5%) tiveram os menores.

William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE, destacou que historicamente as regiões Nordeste e Norte enfrentam mais gargalos estruturais.

Segundo o técnico, os percentuais mais baixos também podem refletir problemas de manutenção e dificuldades de estoque de água para distribuição.

De acordo com o IBGE, 86,3% do total de domicílios brasileiros tinham a rede geral como principal forma de abastecimento em 2024. A proporção era de 85,8% em 2016, no início da série.

As diferenças entre o meio urbano e o rural continuam. Nas cidades, 93,4% dos lares recebiam água principalmente a partir da rede geral no ano passado. É quase o triplo da proporção no campo (31,7%).

Os lares rurais possuíam maiores percentuais de uso de poços profundos e artesianos (30,8%), poços rasos, freáticos ou cacimbas (12,9%), fontes ou nascentes (13,3%) e outros (11,2%).

4,7 milhões de lares ainda queimam lixo no país

O IBGE também divulgou dados sobre o destino do lixo. No país, 6,1% dos domicílios ainda queimavam lixo em 2024, o equivalente a 4,7 milhões de lares. O percentual era de 8,1% em 2016.

A queima de lixo segue bastante associada ao meio rural. Do total de 4,7 milhões de domicílios que utilizavam a prática, 4,5 milhões ficavam no campo.

Esses 4,5 milhões correspondiam a 50,5% dos lares do meio rural. A proporção pouco encolheu ao longo da série. Estava em 53,8% em 2016.

No meio urbano, somente 0,4% dos lares queimavam lixo em 2024.

"É um dado ainda preocupante, que acarreta aumento de poluição, e mesmo insalubridade para a zona rural, pois o lixo precisa ficar acumulado de alguma forma até que seja queimado", afirmou Kratochwill.

O IBGE disse que 93,1% dos domicílios brasileiros contavam com coleta de resíduos de forma direta ou em caçambas de serviços de limpeza. O percentual era de 92,4% em 2023 e de 90,4% em 2016.

Há, novamente, fortes diferenças entre o meio urbano e o rural. Em 2024, 99,4% dos lares das cidades contavam com algum tipo de coleta de lixo, enquanto apenas 44,8% dos endereços no campo tinham esse serviço.

Mais de 30% dos lares do Norte não têm rede de esgoto ou fossa séptica

Outro quesito investigado na Pnad é o esgotamento sanitário. No Brasil, a proporção de domicílios com acesso à rede geral de esgoto ou com fossa séptica ligada à rede foi de 70,4% em 2024, após marcar 69,7% em 2023 e 68,1% em 2019 —período inicial dessa análise.

Nas grandes regiões, o percentual variou de 31,2% no Norte a 90,2% no Sudeste no ano passado.

No Norte, 36,4% dos lares ainda recorrem ao que o IBGE contabiliza como outros tipos de esgotamento sanitário.

Essa categoria inclui opções mais precárias, como fossas rudimentares, valas e até rios, lagos, córregos ou mar. O percentual de outros tipos no Norte é mais que o dobro da média brasileira (14,4%).

"Isso pode ser explicado pela geografia das cidades e dos vilarejos da região. São muito afastados dos grandes centros urbanos, o que dificulta a construção de uma rede de esgotamento sanitário", avaliou William Kratochwill, do IBGE.

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