Autor(a) Convidado(a)
É médica oncologista

Vírus HPV, a ameaça que aumenta a incidência de câncer

Um novo estudo da Fundação do Câncer revelou que mais de 4 mil mortes e cerca de 6 mil casos de câncer relacionados ao HPV no país poderiam ser evitados por meio da prevenção

  • Virgínia Altoé Sessa É médica oncologista
Publicado em 31/01/2024 às 11h34

A previsão do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é de que 704 mil novos casos de câncer sejam registrados em cada ano do triênio 2023-2025. Uma estimativa preocupante, mas que ao mesmo tempo desperta para necessidades que precisam e devem ser priorizadas.

Por um lado, priorizadas por meio de definição e aplicação de políticas públicas que visem combater o câncer em diversas frentes. Por outro, pela conscientização individual sobre as medidas de prevenção que cada um deve adotar no dia a dia para reduzir as chances de desenvolver um tumor maligno.

A campanha Janeiro Verde é voltada para a conscientização e prevenção do câncer de colo de útero. O objetivo do movimento é alertar a população feminina acerca dos riscos da doença.

Nesse contexto, destaco um fator de risco responsável por uma grande parcela das neoplasias malignas: o papilomavírus, também conhecido como HPV, um dos principais causadores de câncer de colo de útero, o terceiro mais incidente entre as mulheres no Brasil. E de outros tipos também.

Um novo estudo da Fundação do Câncer revelou que mais de 4 mil mortes e cerca de 6 mil casos de câncer relacionados ao HPV no país poderiam ser evitados por meio da prevenção. Para essa pesquisa, foram analisados cinco tipos de câncer: orofaringe, ânus e canal anal, vagina, vulva e pênis, outras neoplasias associadas ao HPV.

A prevenção do papilomavírus se dá, novamente, por meio de iniciativas públicas e individuais. Políticas por parte do poder público, felizmente, já vigoram nesse sentido com a vacinação disponível no SUS para meninos e meninas de 9 a 14 anos, soropositivos (HIV), transplantados, pacientes oncológicos e imunossuprimidos. E, desde agosto do ano passado, vítimas de violência sexual também foram incluídas no grupo prioritário para vacina do HPV.

Sob a luz da consciência individual, houve avanços com a disseminação de informações seguras e claras sobre a importância da prevenção. É preciso, contudo, evoluir em muitos pontos. Afinal, algumas medidas precisam se desenvolver a partir de um discernimento convicto dos perigos aos quais estamos submetidos e da importância de evitá-los.

Um deles é o sexo seguro, sem abrir mão do preservativo por acreditar que não será mais uma vítima dessa irresponsabilidade. Lembrando que o HPV não ameaça apenas a saúde das mulheres. Por meio do sexo sem proteção, incluindo oral e anal, homens podem ser infectados pelo vírus, o que os torna propensos a desenvolverem câncer nas regiões de cabeça e pescoço, além de pênis e ânus.

Estudos indicam impacto da vacinação na diminuição da transmissão do vírus
Vacina. Crédito: Govsp

E não menos importante é a realização de exame preventivo que deve ser feito pelas mulheres com vida sexual ativa, pelo menos, uma vez por ano. É a forma mais eficaz de diagnosticar o câncer de colo de útero, inclusive em sua fase inicial, o que aumenta significativamente as chances de cura.

Além disso, o preventivo (também conhecido como Papanicolau) é capaz de detectar lesões pré-cancerígenas, que podem ser removidas antes de se tornarem malignas.

Comprometer-se com a própria saúde é uma das formas de frear o avanço dos casos de câncer. Um compromisso em que cidadãos, poder público e comunidades médica e científica se engajem diante de dados tão alarmantes que, mais do que instalar o medo, sejam um estímulo a novas práticas e iniciativas mais assertivas e empáticas em favor da vida.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.