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É cirurgião-dentista e especialista e mestre em Gestão de Empresas

Qual a relação entre saúde bucal e performance esportiva?

O bruxismo, por exemplo, é comum em atletas sob estresse competitivo. O ato inconsciente de apertar ou ranger os dentes provoca sobrecarga nos músculos da face e nos dentes, podendo causar dores, desconforto e distúrbios no sono

  • Juliano Costa Leite É cirurgião-dentista e especialista e mestre em Gestão de Empresas
Publicado em 02/07/2025 às 14h49

Durante grandes eventos como o Mundial de Clubes, toda atenção se volta para a preparação dos atletas: alimentação, sono, treinos e recuperação são levados ao extremo para garantir o máximo de rendimento. Mas um fator, muitas vezes ignorado, pode comprometer todo esse esforço: a saúde bucal.

O motivo é que ela está diretamente relacionada à performance esportiva. Problemas como gengivite, cáries, periodontite e disfunções na articulação temporomandibular (ATM) não afetam apenas a região oral, mas também podem influenciar a postura, o equilíbrio muscular, o foco mental e até a recuperação pós-exercício.

De acordo com estudo publicado na revista Research, Society and Development (2020), as infecções bucais silenciosas, mesmo sem dor, elevam os níveis de inflamação sistêmica, sobrecarregando o organismo e prejudicando o rendimento físico. Em atletas de alto desempenho, isso pode ser a diferença entre a vitória e a lesão.

O bruxismo, por exemplo, é comum em atletas sob estresse competitivo. O ato inconsciente de apertar ou ranger os dentes provoca sobrecarga nos músculos da face e nos dentes, podendo causar dores, desconforto e distúrbios no sono.

Tudo isso compromete a recuperação física e pode afetar o rendimento em treinos e competições. Já alterações na oclusão impactam o alinhamento corporal, influenciando diretamente o equilíbrio e a estabilidade — fatores essenciais em qualquer modalidade esportiva.

Nos clubes de elite, como os que participam do Mundial de Clubes, a odontologia já é integrada à equipe multidisciplinar. Mas essa atuação não precisa ficar restrita ao esporte profissional. Atletas amadores, praticantes regulares de academia, corredores de rua e adolescentes em escolinhas esportivas também se beneficiam — e muito — de um acompanhamento odontológico preventivo e estratégico.

Esse cenário representa uma oportunidade real de atuação para o cirurgião-dentista em um nicho promissor. Consultórios podem oferecer check-ups específicos para atletas, protocolos pré-competição, placas para controle de bruxismo e ajustes funcionais voltados ao equilíbrio muscular e à respiração.

É possível ainda estabelecer parcerias com academias, clubes e assessorias esportivas, ampliando a visibilidade do consultório e oferecendo um serviço diferenciado, com alto valor agregado.

Com a necessidade do isolamento social, caiu a procura pelos consultórios odontológicos. No entanto, pular a consulta do dentista pode piorar outros problemas bucais.
Tratamento odontológico. Crédito: Freepik

A odontologia do esporte não é apenas uma especialidade: é uma nova forma de enxergar a saúde bucal dentro de um contexto maior, que une prevenção, performance e bem-estar. Em tempos em que o autocuidado e o alto rendimento andam lado a lado, o papel do dentista ganha ainda mais relevância.

Atuar com foco em saúde e desempenho é uma forma de cuidar do corpo como um todo. Por isso, é fundamental que a odontologia tenha um papel central nas decisões que fazem a diferença na vida dos pacientes.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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