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É presidente do Sindbares/Abrasel-ES

O setor de food service e a luta por dignidade diante da insegurança alimentar

Em um país que exporta toneladas de alimentos, mas ainda convive com a fome, o setor de food service tem papel essencial na promoção da dignidade e do acesso à nutrição de qualidade

  • Rodrigo Vervloet É presidente do Sindbares/Abrasel-ES
Publicado em 16/10/2025 às 13h20

Neste 16 de outubro celebramos o Dia Mundial da Alimentação, uma data que nos convida a refletir sobre a cadeia alimentar para além dos números econômicos. Mais do que cifras, trata-se de garantir um direito humano fundamental: o acesso a uma alimentação segura, nutritiva e de qualidade.

O setor de alimentos e bebidas ocupa posição central na economia brasileira. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), responde por 10,8% do PIB nacional e gera mais de 2 milhões de empregos formais. Em 2024, seu faturamento cresceu cerca de 10% em relação ao ano anterior e até 2026 estão previstos R$120 bilhões em investimentos em modernização e inovação. O Brasil consolidou-se ainda como maior exportador mundial de alimentos industrializados em volume, com 80,3 milhões de toneladas enviadas ao exterior em 2024. Esses números evidenciam a força e a resiliência do setor, que sustenta empregos, movimenta cadeias produtivas e garante presença econômica em todas as regiões do país.

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Alimentar o Brasil com dignidade é missão de todos que atuam nesse segmento. Crédito: Lyon Santos/MDS

No entanto, o Dia Mundial da Alimentação exige também um olhar crítico. Dados da PNAD/IBGE mostram que, em 2023, 27,6% dos domicílios brasileiros viviam algum grau de insegurança alimentar, sendo 4,1% em situação grave. A inflação de alimentos para consumo em domicílio acumulou 11,4% nos 12 meses encerrados em agosto de 2025, pressionando fortemente o orçamento das famílias. O contraste entre um setor pujante e uma população ainda marcada pela desigualdade evidencia a urgência de um compromisso coletivo.

Nossa responsabilidade é dupla: fortalecer a competitividade e a inovação do setor, garantindo, ao mesmo tempo, que a alimentação de qualidade chegue a todos. Isso passa por incentivar boas práticas, aproximar pequenos produtores do varejo, apoiar políticas de abastecimento e combater o desperdício.

No Dia Mundial da Alimentação, reafirmamos que alimentar o Brasil com dignidade é missão de todos que atuam nesse segmento. Produzir, distribuir e vender alimentos não é apenas um negócio: é um serviço essencial à sociedade, que precisa ser exercido com responsabilidade, inovação e compromisso social. Mais do que números, falamos de vidas, saúde e bem-estar.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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