Não é com a diminuição de radares que garantimos a vida no trânsito

Tratamos o trânsito e nossas condutas nele como se não houvesse amanhã. Queremos menos fiscalizações, mas não queremos mudar nossas condutas e nossos pensamentos

Publicado em 26/07/2019 às 18h54
Atualizado em 30/09/2019 às 01h19

Radar na BR: fiscalização é importante

Rusley Hilário Medeiros Miorim*

Do que adianta acelerar para chegar no horário no trabalho? Do que adianta atender aquela ligação no trânsito? Do que adianta furar aquele sinal vermelho para ganhar alguns segundos? Do que adianta assim agir se, no final, não haverá o depois?

Tratamos o trânsito e nossas condutas nele como se não houvesse amanhã. Ocorre que o amanhã há de chegar, mas, para isso, é necessário que tenhamos a consciência de que um trânsito seguro não depende unicamente de agentes fiscalizadores, radares, sinais de trânsito, faixas de pedestres e placas sinalizadoras. Sem o respeito, sem a prudência e sem o compromisso com a vida nada disso adiantará.

É urgente que tenhamos sentimento de pertencimento também no trânsito. É necessário que compreendamos que um trânsito seguro é um trânsito humanizado. Não é discutindo a diminuição de radares que iremos garantir nossa volta para casa. A chance de sermos atingidos por uma “bala perdida” é muito menor que a de sofrermos um acidente fatal no trânsito.

Queremos menos fiscalizações, mas não queremos mudar nossas condutas e nossos pensamentos. Queremos ser o primeiro a chegar, mesmo sendo o último a sair. Desejamos que todos respeitem a fila para a conversão à frente, mas, se estivermos com pressa, a fila deixa de existir.

Precisamos é perceber que a estatística só vai diminuir quando assumirmos o compromisso com a vida. Compromisso com a sociedade. Talvez assinar novamente o pacto social e, assim, percebermos que se doer no bolso, a partir de uma multa, talvez possa mudar nossa atitude. Contudo, e se não for oportunizado tal consequência? E se a morte chegar antes por imprudência ou negligência nossa?

Acredite, enquanto não mudarmos não haverá um amanhã seguro, principalmente no trânsito. Uma sociedade segura é uma sociedade repleta de consciência. Seja consciente no trânsito e entenda que sua atitude faz a mudança. A cada acidente que atendo e vejo uma vida ceifada pela imprudência me demonstra o quanto estamos sedentos de coletividade. O eu passou a ser muito mais importante que o nós faz tempo... E o tempo pode não passar!

*O autor é professor universitário, subinspetor da Guarda Municipal de Vila Velha e especialista em Ciências Criminais pela FDV e em Direito Penal e Processo Penal pelo Unesc

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