Maio renova o compromisso do movimento Maio Amarelo, que este ano vem com o slogan: “Paz no trânsito começa por você”. A campanha, que tem por objetivo principal ampliar o debate referente à insegurança no trânsito brasileiro, com números expressivos de mortos e feridos, conta com a participação dos órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito, mas, sobretudo, busca a participação e o engajamento de toda a sociedade.
Na prática, mesmo com todos os esforços dos órgãos de fiscalização e campanhas de educação e conscientização, é preciso dizer, neste momento, que os objetivos não estão sendo alcançados. Pelo menos é o que mostram as tristes estatísticas. Infelizmente os dados são alarmantes, com mais de 800 mortes em acidentes de trânsito nas vias e avenidas do Espírito Santo em todo o ano passado.
No Brasil se contabiliza, anualmente, mais de 30 mil mortes em acidentes de transporte terrestre, incluindo atropelamentos, sinistros com bicicletas, motocicletas, automóveis, caminhonetes, caminhões, ônibus, veículos de serviço e fora de estrada. Como já dito em outro momento, esses números podem ser ainda maiores, considerando que as mortes ocorridas nos hospitais, depois de dias de internação, nem sempre são contabilizadas como decorrentes dos acidentes rodoviários.
Em 2023 foi publicada a Lei Federal nº 14.599 trazendo uma gama de modificações ao Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Foram mais de 50 alterações ao texto normativo, destacando entre elas a competência privativa delegada para os órgãos municipais de trânsito, quanto a fiscalização e aplicação de multas nas principais infrações, como aquelas envolvendo estacionamento ou parada irregulares, excesso de velocidade, excesso de peso, entre outras.
O objetivo principal aqui é empoderar os órgãos municipais para a fiscalização nas cidades, no trânsito local. Onde circulam a maioria dos veículos e pedestres. E onde os números de sinistros de trânsito têm aumentado significativamente. O trânsito afeta diariamente a vida de todos nós, estejamos ou não na condução de um veículo ou como pedestres, e os efeitos oriundos dele impactam diretamente a nossa vida cotidiana. Dependemos de nos locomover para as mais diversas atividades corriqueiras e não raro enfrentamos situações de estresse e risco durante esses percursos.
As brigas no trânsito por imprudência ou colisão entre veículos reforçam o estado de intolerância das pessoas nesse espaço, contribuindo para os números alarmantes que temos hoje. Não é raro presenciarmos episódios de agressões e ou discussões acaloradas, que no final resultam em tragédias. E, nesses casos específicos, a fiscalização não consegue alcançar os envolvidos, tornando ainda mais difícil a prevenção desses episódios violentos.
A campanha desse ano, como em todos os outros, busca sensibilizar esse público-alvo, os condutores e pedestres. O bordão me parece uma mensagem direta para uma mudança de atitude. Em outras palavras, o que se busca é um trânsito menos violento e com um menor número de vítimas mortas e feridas. E para isso é preciso um comportamento mais colaborativo e tolerante por parte de todos.
Somente nesses primeiros quatro meses do ano, a fiscalização de trânsito da Guarda Municipal de Vitória lavrou mais de 17 mil autos de infração nas ruas e avenidas da cidade de Vitória. Uma média de mais de 140 autos por dia. Esse número mostra muito mais do que uma fiscalização atuante, demonstra para nós que lidamos diariamente com a segurança da cidade, uma preocupação, um sinal de alerta.
Em que ponto as nossas ações de educação e conscientização estão surtindo o efeito esperado? Em qual medida precisamos ampliar as ações para alcançar esses condutores costumeiramente infratores? São perguntas de difíceis respostas. Mas não vamos desistir.
E é com essa finalidade que o Maio Amarelo foi criado lá em 2011. Já são mais de uma década de atuação buscando conscientizar a sociedade da importância do tema trazendo para o debate motoristas, pedestres, ciclistas. Todos. Não tem outro caminho. Aqui a sinalização é de sentido único. No sentido de alcançarmos um ambiente menos violento para todos. Definitivamente precisamos entender esse contexto. A paz no trânsito começa por você, como bem diz o slogan da campanha.
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