
Barbara Frigini De Marchi*
A informatização da sociedade trouxe diversas ferramentas tecnológicas que alteraram significativamente os modos de subjetivação e de vida, tanto de crianças (que parecem nascer dominando os smartphones), adolescentes, adultos e (por que não?) idosos. Nesse cenário, as redes sociais digitais (como WhatsApp, Instagram, Twitter, Tinder) se afirmam como uma revolução nas formas de comunicação e socialização.
Partindo desse pressuposto, investiguei (em pesquisa de mestrado recentemente defendida na Universidade Federal do Espírito Santo) o uso dessas redes por idosos a partir da perspectiva da Psicologia do Desenvolvimento.
À primeira vista, pode soar estranho falar em desenvolvimento na velhice, mas teoria e prática mostraram que não há idade para nos desenvolvermos (afetiva e cognitivamente) e que uma possibilidade para tal, no caso dos idosos em específico, é justamente o uso de redes sociais digitais. A terceira idade não é, portanto, um período exclusivamente de perdas, mas de ganhos, avanços e mudanças como qualquer outra etapa da vida.
Apesar de não pertencerem a uma geração nativa das tecnologias e de terem dificuldades para conceituar tais redes, os idosos estão ativos e participativos em diversas delas, demonstrando preocuparem-se em acompanhar as evoluções tecnológicas e sentirem-se pertencentes ao contexto social atual. Tanto usam mais como preferem o WhatsApp e o Facebook, tendo como principal motivador a possibilidade de comunicarem-se, sobretudo com familiares, de forma rápida e sem custos.
Os mais velhos têm demonstrado cada vez mais não se intimidarem com as novas tecnologias, usando-as e buscando, a seu modo, mesmo que, às vezes, solitariamente, compreenderem-nas. Mesmo que alguns se queixem de demora para aprenderem a usar as redes sociais digitais (o que é natural no processo de envelhecimento), os idosos são capazes de fazê-lo. Isso, a propósito, contribui para o bom funcionamento cerebral, já que assim eles mantêm a atividade intelectual – agora não mais apenas por meio de caça-palavras e passatempos.
O acesso constante a essas redes mobiliza o interesse dos idosos por novos objetos de conhecimento, além de promoverem a valorização de si e estimularem suas memórias. Favorecem relações sociais e afetivas, independentemente de barreiras geográficas, contribuindo para um envelhecimento mais ativo.
Por meio delas, os idosos podem formar novos laços afetivos e diminuir o sentimento de solidão, ampliando seus relacionamentos e a comunicação interpessoal. Desenvolvimento e envelhecimento são, pois, processos que seguem juntos, física e virtualmente.
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*O autor é psicóloga, especialista em Psicologia Hospitalar e Saúde, mestre em Psicologia
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