
Eduardo Araujo*
O mercado de trabalho formal do Espírito Santo acumula um saldo positivo de 19 mil novas vagas nos últimos 12 meses. O ritmo de crescimento no ano é superior à média nacional, apesar do resultado ruim do mês de julho, na última pesquisa do Ministério da Economia.
O que preocupa é que a velocidade de criação de novas vagas tem sido insuficiente para atender as demandas sociais. Até agora, só conseguimos gerar 1/3 das vagas destruídas durante a crise. Há necessidade de se criar 60 mil novas vagas para retomar os empregos formais do pré-crise.
Significa dizer que, no ritmo atual, será preciso mais três anos para voltarmos ao nível de “pleno-emprego” no Espírito Santo. É um quadro preocupante, se levarmos em conta os riscos de uma nova estagnação da economia mundial.
O que se observa é que, enquanto não surgem vagas de carteira assinada, muitos capixabas recorrem ao mercado informal. A quantidade de empregados sem carteira assinada e de trabalhadores por conta própria (como autônomos e ambulantes) já cresceu quase 25% nos últimos 5 anos.
O baixo nível de reajuste de salários é outro problema. A inflação já acumula alta de 30%, desde 2015, enquanto a remuneração média de trabalhadores da iniciativa privada só subiu 9% no mesmo período.
As evidências são de um quadro de empobrecimento coletivo, com preços de produtos e serviços subindo acima de salários. Os trabalhadores por conta própria e empregadores enfrentam situação ainda mais difícil, pois a média salarial é quase 20% menor que há 5 anos atrás.
Nota-se que cerca de 1/3 dos empregos formais perdidos até agora são aqueles ligados a negócios da indústria da construção e aos serviços imobiliários. É sinal da relevância social da atividade de construção.
Uma agenda para destravar a execução de obras de infraestrutura e saneamento tem o potencial de promover rápidas mudanças no mercado de trabalho. Além disso, a simplificação tributária e a desoneração da folha de pagamentos são medidas desejadas para a recuperação dos empregos formais.
Este vídeo pode te interessar
*O autor é economista
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.