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É empresária e organizadora do maior evento de artesanato do Espírito Santo, a ArteSanto

Entre urgência ambiental e maximalismo, artesanato é tendência da decoração

Meio ambiente e saúde mental se consolidam como eixos centrais na definição de comportamentos e escolhas, inclusive no universo da decoração

  • Sonia Iamonde É empresária e organizadora do maior evento de artesanato do Espírito Santo, a ArteSanto
Publicado em 05/10/2025 às 09h00

O ano de 2025 chega com um chamado inescapável: repensar a forma como vivemos, consumimos e habitamos nossos espaços. A crise climática, que se apresentou com mais força do que nunca no último ano, transformou o lar em um reflexo direto das nossas preocupações coletivas. Meio ambiente e saúde mental se consolidam como eixos centrais na definição de comportamentos e escolhas, inclusive no universo da decoração.

Nesse cenário, pode-se observar três movimentos que ganham destaque como guias estéticos: a biofilia, que traduz a necessidade de conexão com a natureza; o maximalismo, que retorna com sua ousadia em cores, texturas e sobreposições; e a valorização do artesanato, que se firma não apenas como estilo, mas como manifesto cultural e ambiental.

Filtros coloridos, outros utensílios e objetos de coração apresentados na ArteSanto
Objetos de coração apresentados na ArteSanto. Crédito: Bruno Zamprogno

E é nesse contexto, que entre todos, é o artesanato que desponta como o fio condutor da decoração em 2025. E não se trata de uma moda passageira. Ao contrário, a manualidade é a tradução mais genuína do desejo contemporâneo por personalização, autenticidade e pertencimento. Em um mundo de produção em massa e consumo acelerado, a peça feita à mão, com diferentes cores e inúmeras estampas, carrega aquilo que nenhuma fábrica consegue reproduzir: história, identidade e afeto.

No Brasil, essa valorização encontra um terreno fértil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país abriga mais de 8,5 milhões de artesãos, segundo dados oficiais, o que revela não apenas a força econômica do setor, mas também sua dimensão social e cultural. Cada objeto artesanal é, em si, um documento vivo da diversidade e da criatividade brasileiras. Valorizá-lo na decoração é, ao mesmo tempo, um gesto estético e político.

Sendo fruto da diversidade construída ao longo da história, no Espírito Santo essa realidade também é muito presente. Segundo o Sebrae, no estado existem mais de 13 mil artesãos cadastrados no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (SICAB) e mais de 40 mil pessoas trabalham com artesanato sem registro. O artesanato capixaba possui influências indígenas, portuguesas, de diversos imigrantes e africanos. Mas claro, sempre demonstrando a personalidade brasileira.

Se o maximalismo nos convida a ousar nas combinações e a biofilia nos conecta ao essencial da natureza, é o artesanato que une tudo isso em um resultado singular, profundamente humano. Ao escolhermos peças feitas à mão para compor nossos lares, escolhemos também um estilo de vida que respeita o planeta, através do reaproveitamento de materiais, valoriza o trabalho local e nos devolve a beleza da imperfeição.

Não é por acaso que iniciativas como a ArteSanto têm ganhado espaço e reconhecimento. Em 2025, a tendência é clara: mais do que decorar casas, o artesanato vai decorar consciências e preservar tradições.

E foi a partir dessa relevância nas produções do Estado que a Feira Nacional do Artesanato (ArteSanto), criada por mim, chega em mais uma edição. Atualmente, o evento está em sua 13ª edição e reunirá mais de 600 artesãos de diversas regiões do Brasil em um único lugar em Vitória, de 7 a 12 de outubro, em uma megaestrutura montada na Praça do Papa.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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