Paulo Brandão*
A jovem Segunda Ponte, no auge dos seus 39 anos, está sem manutenção há anos e apresenta, devido à ação do tempo, parte de seus pilares comprometidos com abalos em suas estruturas. Os órgãos de fiscalização, controle e gestão bateram cabeça e num jogo de empurra exigiram uns dos outros medidas para sanear o problema e evitar que um desastre aconteça, em decorrência da falta de ação do Estado.
O governo estadual noticiou, por meio do DER-ES, um investimento de R$ 6,3 milhões para manutenção e melhorias na Segunda Ponte. O órgão se comprometeu em realizar uma planilha orçamentaria para contratar empresa para realizar reparos das falhas e reforma do pavimento em um trecho da via, o que foi anunciado nesta semana.
De importância ímpar, a Segunda Ponte supera obstáculos e interliga cidades, pessoas e gera oportunidades de encontros e negócios, sendo portanto vetor de desenvolvimento econômico, social e humano. Ela faz parte das vidas de todos aqueles que por ela passam todos os dias e, por isso, sabem mais seu valor e importância.
O sociólogo Baumann, para falar sobre como deve ser a sociedade, usa a metáfora da ponte. Para ele, o poder de carga de uma ponte se mede não pela força média de todos os pilares, mas pela força de seu pilar mais fraco. Daí se conclui que se o pilar mais fraco ruir pode comprometer a ponte por inteiro. Essa metáfora ajuda a entender a nossa desigual sociedade capixaba.
Da mesma forma que a ponte, a qualidade de vida da nossa sociedade capixaba não se mede pelo PIB, pela renda média de sua população, pelos dados estatísticos somente; mas pela qualidade de vida, emprego, satisfação e felicidade dos capixabas mais “fracos”. Como vivem estes? Assim como os pilares danificados da ponte, os nossos capixabas mais “fracos” estão relegados a viverem nas ruas, a terem subemprego e morrerem nas trocas constantes de tiros nos morros das nossas cidades.
Da mesma forma que o governo estadual anunciou que vai fazer reformas para garantir que os pilares fracos da Segunda Ponte se tornem seguros; também espero que haja empenho dos diversos órgãos de fiscalização e do próprio governo para atender aos cidadãos mais fracos e pobres, pilares da sociedade capixaba, sob o risco de vermos ruir a estrutura de sustentação do patrimônio humano que forma a sociedade espírito-santense.
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*O autor é bacharel em Filosofia
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