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É cardiologista da Cardiodiagnóstico.

Como colocar a prática de exercícios em ação em 2026 sem desistir

O exercício não precisa ser um projeto grandioso; ele precisa ser possível. E, mais do que isso, precisa caber na vida real

  • Rafael Altoé É cardiologista da Cardiodiagnóstico.
Publicado em 16/12/2025 às 12h06

Com a chegada do fim do ano, boa parte das listas de metas para 2026 inclui começar ou voltar a praticar atividade física. É verdade que a promessa se repete anualmente, o que revela como tem sido difícil, para muitos brasileiros, transformar intenção em mudança concreta.

Os benefícios do exercício físico regular já são amplamente conhecidos. A ciência é categórica ao mostrar que uma vida ativa reduz o risco de doenças cardiovasculares, melhora a saúde mental, ajuda no controle de peso, regula a pressão arterial e aumenta a longevidade.

Mesmo assim, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 40% dos brasileiros não atingem o nível mínimo recomendado de atividade física semanal. Ou seja: sabemos o que fazer, mas seguimos falhando em colocar o movimento no centro da vida.

Praticar atividade física é essencial para o controle da SOP
Atividade física. Crédito: Shutterstock / PeopleImages

Parte dessa dificuldade está no ritmo acelerado da vida urbana, que nos empurra para longos períodos sentados, no trabalho, no trânsito e em casa. Soma-se um traço cultural ligado à prática de atividade física: a ideia equivocada de que só vale a pena se for um treino intenso, demorado, cansativo.

Esse pensamento desestimula os praticantes, porque coloca a prática de atividade física como algo distante, quase incompatível com a rotina real da maioria das pessoas.

Mas o exercício não precisa ser um projeto grandioso; ele precisa ser possível. E, mais do que isso, precisa caber na vida real. Pequenos ajustes, como caminhar dez minutos a mais por dia, substituir o elevador por escadas ou fazer pausas ativas no trabalho, já geram impacto mensurável na saúde cardiovascular.

O coração responde ao movimento com eficiência: melhora o fluxo sanguíneo, fortalece o músculo cardíaco, regula o ritmo e otimiza o metabolismo.

Outro ponto que dificulta o início é a expectativa irrealista. Muita gente começa o ano com metas rígidas, complexas, que não resistem ao primeiro tropeço. Estabelecer objetivos menores, progressivos e adaptados ao nível de condicionamento atual é muito mais eficaz. O corpo se adapta gradualmente, e essa adaptação é justamente o que garante segurança e longevidade no hábito.

A falta de orientação adequada também pesa. Exercitar-se sem um mínimo de acompanhamento pode gerar sobrecarga, dores e até lesões. Por isso, buscar apoio profissional, seja para estruturar um plano de treino, seja para avaliar a saúde cardiovascular antes de começar, são etapas fundamentais, especialmente para pessoas com hipertensão, diabetes, histórico familiar de doenças cardíacas ou sintomas como falta de ar, palpitações e dor no peito.

Incluir o movimento na rotina é, acima de tudo, um ato de autocuidado. E não há momento mais simbólico que o início de um novo ano para transformar essa intenção em compromisso. Não se trata apenas de perseguir um ideal estético ou de cumprir metas impossíveis, mas de construir um estilo de vida que favoreça a saúde, a disposição e a longevidade.

Se você teve um 2025 de cansaços ou tentativas falhas, é possível que 2026 seja um ano de retomada. Começar com pouco não é sinônimo de fazer menos, é sinônimo de fazer certo. O mais difícil não é manter o ritmo: é dar o primeiro passo.

E esse passo, definitivamente, cabe no calendário.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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