Cobilândia: história de gente que fez de uma fazenda um grande bairro

Homens e mulheres, com sua força de trabalho e dignidade, fizeram do bairro um lugar acolhedor. Este texto homenageia os cidadãos que ajudaram a construir sua história

Publicado em 13/09/2019 às 20h25
Atualizado em 29/09/2019 às 13h23

Ruas de Cobilândia, em Vila Velha

Henrique Casamata*

O nome Cobilândia tem origem na árvore Cobi, nativa da região, pertencente à família da Caesalpiniaceae, madeira que produz grossa casca com alta dose de tanino, utilizada em curtumes, antes abundante na região e atualmente quase extinta. Um pouco de história não faz mal a ninguém...

Segundo relatos do senhor Luiz Carlos Laranja, descendente direto do senhor Henrique Orange, foi durante o 2º período das invasões holandesas no Brasil, ocorrida entre os anos de 1630-1654, que as terras hoje denominadas “Cobilândia” foram doadas em pagamento aos defensores das terras da Capitania contra os ataques dos índios.

Conta-se que os holandeses desembarcaram em Vitória em busca de suprimentos e foram repelidos como invasores, restando do combate apenas três sobreviventes, que foram feitos prisioneiros, sendo libertos posteriormente para ajudar no combate aos índios.

Dentre os holandeses libertos, destacou-se o senhor Orange, que recebeu como pagamento pelo combate aos índios um pequeno exército de 30 homens armados e uma extensão de terras, cortada pelo Rio Marinho e denominada “Sapa”, transformada na Fazenda Rio Marinho, e o sobrenome Orange alterado para “Laranja”, uma das famílias mais tradicionais da região até os dias atuais.

Em 1829, Henrique Laranja veio a falecer e sua fazenda foi desmembrada entre os seus herdeiros, sendo um deles, o coronel Antonio Gonçalves Laranja, que passou a denominar suas terras de “Fazenda Cobi”, em homenagem à arvore nativa Cobi, abundante naquelas terras.

Em 1951, a área de terra foi loteada, conforme idealizado por Benício Gonçalves, aprovado pela Prefeitura de Vila Velha na gestão de Antonio Bezerra de Farias (1951-1954), passando a ser denominada “Cobilândia”, cuja inauguração ocorreu no dia 16/09/1951, data em que foi inaugurada também a Rodovia Carlos Lindemberg, a primeira estrada asfaltada no Espírito Santo, com a presença do presidente Getúlio Vargas.

Segundo relatos dos moradores, somente na década de 70 as ruas do bairro começaram a ser pavimentadas, com os materiais sendo adquiridos pelos próprios moradores e a mão de obra cedida pelo município. Nos dias atuais, Cobilândia, como todos os bairros de Vila Velha, tem seus “fantasmas”. Sofre com os alagamentos decorrentes das chuvas; com a insegurança; com a ausência de infraestrutura, entre outras demandas.

Mas, a despeito das importantes demandas existentes, o momento é de celebração! Este texto tem o propósito de homenagear os cidadãos que ajudaram a construir a história de Cobilândia e, muitas vezes, são esquecidos. Parabenizo a todos os homens e mulheres do passado e do presente, que com sua força de trabalho e dignidade fizeram do bairro um lugar acolhedor para os filhos desta terra e que vieram de outros lugares. Parabéns!

*O autor é conselheiro do Conselho Municipal de Vila Velha e diretor do Clube Capixaba de Engenharia

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