Fabrício Aigner*
O Brasil envelheceu antes de enriquecer. Hoje, de acordo com as estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último levantamento, o país tinha 28 milhões de idosos, ou seja, 13,5% do total da população. A previsão é de que até 2050, um em cada três brasileiros seja idoso.
Com o aumento da longevidade, há uma mudança no perfil epidemiológico, que fica semelhante ao de países mais antigos. Estamos evoluindo para uma população grande de doentes crônicos, que em algum momento entram em uma demanda médico-hospitalar e precisamos estar preparados para isso.
A realidade brasileira hoje é de superlotação de leitos hospitalares, falta de medicação e de profissionais, além da ineficiência de tratamentos e dos muitos problemas estruturais de grande parte dos hospitais do país. Uma tendência mundial que vem ganhando força e garantindo tratamento aos doentes crônicos é desospitalização e humanização no tratamento desses pacientes.
A primeira unidade de tratamento fora do âmbito hospitalar surgiu 1950, na Inglaterra, após muitas outras foram desenvolvidas mundo afora desde então, seguindo uma tendência de desospitalização para melhoria e humanização dos cuidados e redução de custos. Países como Inglaterra, Noruega, Itália e Espanha são adeptas dessas unidades.
Para que todos entendam, desospitalizar significa transferir um paciente de um hospital geral para ser tratado e reabilitado nas clínicas de transição, que são um apoio para os hospitais gerais e representam segurança e conforto para pacientes e familiares. Os pacientes com tratamento definido, como os doentes crônicos, encontram nele uma opção para a transição entre a internação e o tratamento domiciliar.
A unidade de transição é dedicada aos pacientes que já têm o diagnóstico e tratamento definidos e que precisam dar continuidade a um tratamento medicamentoso, reabilitação, adaptação de familiares e cuidadores para tratamento domiciliar, casos em que tratamento em casa ainda não é possível. Os pacientes têm a vantagem de estar longe do risco de infecção hospitalar.
Outra grande vantagem é que essas clínicas funcionam de maneira que permitem a presença da família, pois diferente dos hospitais, esses pacientes ficam hospedados em um ambiente acolhedor que reproduz uma casa, e não possui horário de visita pré-estabelecidos, os familiares ficam livres para visitarem durante todo o tempo. Nesses locais, o tratamento é mais humanizado e até o animal de estimação pode ser levado para visita. Tem local apropriado para esse encontro.
Essa é uma nova maneira de pensar e uma oportunidade de experimentar uma forma, ainda nova para a nossa população, mas já conhecida por profissionais de saúde, de oferta de cuidado, integrada com a atenção básica, e apostando na autonomia do paciente e da sua família.
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*O autor é empresário da área de saúde
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