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É professor de História formado pela Ufes e mestre em História pela UFPR

Centro de Vitória não está vazio de gente e de ideias, mas do poder público

Reocupação do bairro passa pela garantia aos empreendedores, especialmente os pequenos e médios empresários, de uma política de aluguel empreendedor durante maturação dos negócios

  • Igor Vitorino da Silva É professor de História formado pela Ufes e mestre em História pela UFPR
Publicado em 20/04/2021 às 16h36
Imagens aéreas do Centro de Vitória
Imagens aéreas do Centro de Vitória, capital do Espírito Santo. Crédito: Luciney Araújo

É possível mudar o destino do Centro de Vitória, no Espírito Santo. Como? Alguns dirão que estamos numa crise econômica, que não há orçamento público para novas aventuras do poder público. Outros comentarão que não cabe ao poder público cuidar da questão do esvaziamento econômico do bairro da Capital, que as forças econômicas e sociais devem resolver sozinhas esse impasse público.

Essas correntes de opinião não estão despossuídas de razão, mas incorrem no grande erro político e social de não compreenderem a importância histórica do Centro de Vitória e as condições de urbanidade que aquela espacialidade reúne, podendo possibilitar qualidade de vida e melhores condições habitacionais a inúmeras famílias que, ainda, se encontram sem um lugar para morar.

Essa possibilidade de adaptação dos antigos prédios já vem sendo tentada lentamente pelo poder público e pela ação dos movimentos sociais. Entretanto, elas só revolvem, de imediato, a questão do declínio econômico da localidade que está, grosso modo, relacionado à emergência de novos centros comerciais e o deslocamento imobiliário-comercial para a zona norte do município de Vitória. Então, o que fazer sem dinheiro? Infelizmente, nada.

Entretanto, o município de Vitória tem uma burocracia municipal que criou grandes projetos de intervenção pública, com referência nacional, como a transformação da educação pública, a Política de Aluguel e o projeto Terra, com todas as contradições e todos os paradoxos que se possa ter. A reocupação econômica do Centro de Vitória passa pela criação de uma política pública que garanta aos empreendedores, especialmente os pequenos e médios empresários, uma política de aluguel empreendedor durante o período de maturação dos negócios.

Além disso, articulada a essa proposta, pode-se estimular a aliança com outros atores da sociedade civil (empresários, magnatas locais, movimentos sociais, cooperativas, entre outros). que possam apadrinhar esses empreendimentos. O objetivo é estimular o conhecido processo “startup” e a formação de capital social coletivo, seja através de trocas de experiências, seja de apoio financeiro, configurando uma sinergia econômica e social.

O Centro de Vitória não está vazio de gente e de ideias, mas da proatividade dos poderes públicos que precisam colocar-se frente ao rentismo urbano e ao desprezo pelo planejamento urbano que ainda vigoram em nosso país, articulando ideias e propostas para novos usos individuais e coletivos para a localidade, que é um grande sítio arqueológico e histórico da história capixaba.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta

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