Nicolás Maduro anunciou a antecipação do Natal na Venezuela para 1º de outubro de 2025. A medida, vendida como forma de “garantir o direito à felicidade”, revela o padrão de um regime que manipula símbolos para mascarar a crise. A economia venezuelana, segundo o FMI, encolheu mais de 75% desde 2013, configurando uma das piores depressões fora de tempos de guerra. A inflação, que já ultrapassou 10.000 % em 2019, ainda figura entre as mais altas do mundo, corroendo salários de poucos dólares por mês. Antecipar festas não muda a realidade de famílias que atravessam fronteiras em busca de alimentos e remédios.
O governo argumenta que a medida estimula o comércio e fortalece a cultura. Mas felicidade e prosperidade não surgem de decretos, e sim de liberdade. Dados do World Happiness Report 2023 mostram que países com maior liberdade econômica, como Finlândia, Dinamarca e Suíça, também lideram os índices de bem-estar. Já em termos de comércio, o Banco Mundial aponta que nações abertas ao mercado crescem, em média, 2,5 pontos percentuais a mais ao ano do que economias fechadas. Isso comprova que direitos simbólicos e estímulos artificiais não substituem reformas reais capazes de criar prosperidade cultural e econômica.
A antecipação natalina é, na verdade, manobra de distração em meio a tensões externas e pressões internas. O regime já repetiu essa fórmula em 2020, durante a pandemia, e em 2024, em meio a protestos eleitorais. Sempre que encurralado, Maduro apela ao teatro da felicidade.
Ademais, o caminho real para prosperidade é outro. A Venezuela precisa restaurar o Estado de Direito, abrir espaço ao empreendedorismo e garantir segurança jurídica. O Banco Mundial aponta que países com maior liberdade econômica têm PIB per capita até cinco vezes superior à média dos de economia centralizada. Singapura, sem petróleo, prosperou; a Venezuela, com as maiores reservas do mundo, mergulhou em miséria por sufocar o mercado.
Mas ainda há um caminho possível. A reconstrução venezuelana passa por três pilares: institucional, econômico e humano. No plano institucional, é necessário restabelecer a independência dos poderes, garantir eleições livres e criar mecanismos de combate à corrupção. No campo econômico, o país deve reabrir-se ao investimento estrangeiro, reestruturar a PDVSA com gestão técnica e permitir a participação privada em setores estratégicos. Por fim, é urgente investir em educação, empreendedorismo local e fortalecimento das pequenas empresas, para que a riqueza volte a circular entre os cidadãos.
Essas reformas exigem tempo, mas também coragem política. A Venezuela ainda possui vantagens naturais como o petróleo, gás, lítio e um povo altamente instruído e que podem ser a base de um novo ciclo de prosperidade, se acompanhadas de liberdade econômica e previsibilidade jurídica. Em vez de decretar um Natal precoce, o país precisa decretar o fim do atraso, substituindo a ilusão por um projeto de reconstrução nacional baseado em responsabilidade e mérito.
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Por fim, os estudos do Instituto Fraser demonstram que, a cada ponto de avanço no índice de liberdade econômica, o crescimento do PIB per capita pode aumentar até dois pontos percentuais. Portanto, a prosperidade não virá de decretos festivos, mas de uma sociedade livre para produzir, investir e colher os frutos do próprio trabalho.
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