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É educador há 30 anos e diretor executivo da Escola Americana de Vitória

A educação em um congresso de tecnologia e negócios

No contexto escolar, precisamos mais do que nunca fomentar a elaboração de perguntas, nos incomodar com modelos arcaicos que “sempre deram certo” e promover a participação ativa dos alunos

  • Cristiano Carvalho É educador há 30 anos e diretor executivo da Escola Americana de Vitória
Publicado em 07/08/2025 às 15h09

A habilidade fundamental para os próximos dez anos será a capacidade de aprender a se adaptar. A frase é da consultora de transformação digital e organizacional Andrea Dietrich no maior evento do setor do Brasil onde estive recentemente. Mais de 20 mil pessoas passaram pelo Expo Center Norte, em São Paulo, para acompanhar a edição de 2025 do Universo TOTVS. A inteligência artificial foi o grande fio condutor do evento, mas o protagonismo esteve centrado nas competências e relações humanas.

Enquanto a maioria dos participantes buscava conexões para potencializar equipes em um mundo em constante e acelerada transformação, eu pensava na ponte entre tecnologia e negócios e a educação. Na minha equipe, tenho o hoje — os adultos que trabalham na escola — e o hoje/amanhã — os alunos que em breve estarão no mercado. Em sua palestra, Andrea foi categórica: “A transformação é sistêmica. Só vemos a superfície (os eventos). Precisamos perguntar o porquê”.

No contexto escolar, precisamos mais do que nunca fomentar a elaboração de perguntas, nos incomodar com modelos arcaicos que “sempre deram certo” e promover a participação ativa dos alunos. Para isso, o mesmo deve ser feito com toda a comunidade de colaboradores no ambiente escolar — administrativos e pedagógicos.

Praticar a ambidestria é olhar para o presente, cuidando das entregas do aqui e agora, ao mesmo tempo em que mantemos o olhar no futuro incerto e nos preparamos para ele. Essa habilidade é fundamental para a evolução e sustentabilidade das instituições. Quem está na sala de aula hoje precisará estar muito bem capacitado para fazer as melhores perguntas — e para se adaptar.

E o papel da IA neste contexto?

Uma das palestras mais instigantes foi a de Neil Redding, arquiteto de inovação e futurista (será que alguém conhecia essa carreira há 30 anos?). Redding enxerga a IA não apenas como uma tecnologia de suporte aos humanos, mas como algo que está criando uma “simbiose cognitiva”. Nessa simbiose, nós — humanos — e a IA estabeleceremos uma parceria plena, colaborativa e estratégica. Mas, para isso, precisamos conhecer e aprender a explorar.

Um dado preocupante apresentado por ele: apenas 6% das pessoas estão participando ativamente da transformação gerada pela IA. O restante está apenas observando ou sendo usuário superficial.

A Revolução da Inteligência Artificial no Mercado Imobiliário em 2025
Inteligência artificial. Crédito: Shutterstock

Cruzando a ponte do mercado para a escola, temos uma janela de oportunidades dentro da sala de aula: incluir o letramento digital (IA faz parte dele) nos currículos e capacitar crianças e jovens para que façam uso responsável e eficaz da inteligência artificial, potencializando suas capacidades individuais e dos times nos quais estão — e estarão — inseridos. Segundo Redding, “precisamos conhecer e entender de humanos para liderar humanos. E precisamos conhecer e entender IA para liderar negócios baseados em dados de IA.”

Ao final de dois dias, refleti bastante sobre a importância de levar temas tão relevantes para o contexto escolar. Enquanto os gestores presentes pensavam em como aprimorar e/ou requalificar suas equipes em pleno funcionamento, eu até me senti um pouco confortável em relação ao tempo — uma vez que, ao menos com os alunos que fazem parte do meu time, ainda temos mais tempo e um terreno mais fértil para prepará-los.

O desafio é grande, mas também é uma oportunidade poderosa de desenvolver formas mais abertas e adaptativas de aprender — e de se manter em um movimento contínuo de aprendizagem.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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