Cais das Artes deve abrir espaço para empresas de tecnologia?

O governador Renato Casagrande afirmou que uma das saídas para o término das obras pode ser a concessão ao setor de startups, mas com preservação da atividade cultural

Publicado em 16/01/2022 às 02h00
Data: 28/03/2019 - ES - Vitória - Obra do Cais das Artes, na Enseada do Suá, em Vitória
Obra do Cais das Artes, na Enseada do Suá, em Vitória, em 2019. Crédito: Carlos Alberto Silva

Arte e tecnologia: união perfeita

Juba Paixão
É empresário de comunicação institucional, multimídia, assessor de imprensa, SEO

A Capital do Espírito Santo está se transformando na cidade da inovação, e o setor cultural faz essa ambiência tornar-se cada vez mais interessante. Essa união da tecnologia e da cultura não é novidade para o mundo. Vale lembrar que, em 1985, Steve Jobs, ao sair da direção da Apple, voltou aos laboratórios com seus desenvolvedores para concretizar o sistema iOS. E o detalhe é que o visionário Jobs levou os criativos para mudar a apresentação dos produtos.

Um dos destaques dessa estratégia foi a aproximação da inovação com a cultura, por meio da Disney, quando foram realizados grandes sucessos como "Toy Story", "WALL-E" e "Os incríveis". Em 1996, com Jobs de volta à Apple como CEO, o mundo passou a conhecer o conceito dos triângulos circulares que surpreenderam com o iMac G3.

As inovações nunca mais se distanciaram da cultura, pois a grande aposta da Apple foi na experiência dos usuários, o que passou a nortear os projetos. Novos produtos tecnológicos como iPod, iPhone (com sua grande tela Multi-Touch), MacPro e as novas gerações do iMac trazem consigo a presença marcante dos criativos.

Hoje, 15 anos após o lançamento do iPhone, Vitória está prestes a criar mais um hub que pode fortalecer ainda mais a ambiência tecnológica do Estado. São ambientes que se complementam: as startups e as novas funções como UX wrinter, Startups SEO, Product designer e muitas outras que estão sendo criadas ou modificadas.

Na iminência da implantação da tecnologia 5G, a comunicação contemporânea e a tecnologia do streaming fazem da ocupação do Cais das Artes pela cultura e a tecnologia não só uma alternativa, mas uma estratégica de desenvolvimento.

Esse caminho está em pauta entre o governo e as empresas de tecnologia do Estado pelo sucesso que os ambientes criados de inovação têm apresentado. Vale destacar que o setor de tecnologia foi fundamental no enfrentamento da crise causada pela pandemia. Também a alta capacidade que o setor tem de conectar os agentes promotores da inovação faz da união das startups e da cultura um investimento viável, seguro e capaz de contribuir para tornar o Espírito Santo um dos Estados mais inovadores do país.

O Cais das Artes e da Tecnologia, imponente na entrada da Baía de Vitória, pode se tornar um marco da cultura, da inovação e do entretenimento capixaba. Um hub capaz de oferecer desenvolvimento tecnológico, atração de investimentos, geração de emprego qualificado e renda aos capixabas.

Um conglomerado cultural

Eduardo Pasquinelli Rocio
É arquiteto e conselheiro do Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento Espírito Santo (IAB-ES)

O movimento capitaneado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-ES) reitera o quão crucial e emergente é a conclusão das obras e, a consequente, inauguração do Cais da Artes. Essa urgência se dá em face à relevância daquele espaço, enquanto conglomerado cultural. A edificação, que abriga um polo, englobando o museu, o teatro e a esplanada, deve ser compreendida como uma rara oportunidade, cobiçada por cidades mundo afora: Um polo das artes!

A vocação será, sem dúvida, o saber e a expressão da criatividade, em interlocução com o indivíduo, sua relação com os elementos construídos e a paisagem. A proposta dos pilares do museu sobre as águas da baía transcende a simples ocupação daquele espaço. O Cais das Artes tem uma assinatura, foi projetado por um dos mais respeitados arquitetos brasileiros, premiado inúmeras vezes no Brasil e no exterior. Agraciado com os Prêmios Pritzker em 2006 e Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 2016, Paulo Mendes da Rocha, capixaba, trouxe à tona por meio daquela obra as suas memórias mais puras, mais valorosas: a percepção, a expressividade e a relação do indivíduo com a Baía de Vitória.

O que nos parece senso comum se consolida na paisagem como um dos referenciais da Arquitetura Brasileira e já conhecida como uma das obras mais importantes da produção do arquiteto. Esse polo cultural, o tesouro que o Estado do Espírito Santo tem nas mãos, extrapola em muito o conjunto de potencialidades que podemos elencar nesse singelo exercício. Temos um “diamante bruto” que começou a ser lapidado e é fundamental que se tenha consciência da responsabilidade em se continuar a lapidá-lo. O Cais das Artes precisa ser encarado em definitivo como uma oportunidade ímpar e valiosa! Um atrativo cultural que agregará ainda mais valor ao nosso Estado e propiciará o desenvolvimento da cultura e os intercâmbios culturais.

O teatro será a casa da Orquestra Sinfônica do ES e deverá oferecer não somente música erudita, ópera, arte dramática e balé, mas também as expressões da cultura popular. Convênios e parcerias serão firmados, a capacitação técnica dos profissionais da Arte fará parte do dia a dia. O museu poderá centralizar um acervo da produção local, mas integrado a vocação da pluralidade étnica que temos aqui. A população indígena, os povos africanos e as correntes migratórias europeias traduzem o que é o Espírito Santo hoje. Esse polo atrativo do Saber perpassa pela criação de um Comitê multidisciplinar que venha debater o modelo de gestão e a criação de um Plano Cultural.

O caráter democrático do Cais será o convite aos moradores da Região Metropolitana e dos turistas ávidos por conhecer lugares fora do senso comum. Essa é a oportunidade: ver a nossa gente e outros de todo o lugar do mundo. Um desafio, mas um passo necessário para a inclusão do Espírito Santo como novo destino Cultural e Turístico do país.

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