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'União feminina só nos fortalece', diz criadora do Acelera Mulher

'União feminina só nos fortalece', diz criadora do Acelera Mulher

Para Ana Paula França, esse apoio mútuo, também chamado de sororidade, ajuda no desenvolvimento de carreiras e no empoderamento

Publicado em 3 de setembro de 2023 às 08:15

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Ana Paula França, criadora do Acelera Mulheres. (Divulgação)

Como diz um antigo ditado, "a união faz a força". E se essa prática fosse capaz de quebrar estereótipos e preconceitos? É assim que funciona a sororidade, união entre mulheres, baseada na empatia e no não julgamento prévio entre elas e que, se praticado em um ambiente corporativo, ajuda a fortalecer a profissional feminina.

Segundo a empresária Ana Paula França, criadora do Acelera Mulher – organização voltada para qualificação e liderança →a prática desse amparo ajuda no desenvolvimento de carreiras e no empoderamento feminino. Em entrevista para A Gazeta, ela falou um pouco mais sobre a sororidade entre as profissionais para despertar a igualdade entre gêneros.

“Precisamos nos encorajar e ajudarmos umas às outras a descobrirmos o nosso poder como mulher”, ressalta a executiva.

Recentemente, ela realizou uma palestra no Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e o assunto abordado pela capixaba foi justamente a sororidade no mercado de trabalho, tema que contou uma plateia exclusivamente feminina.

Ana Paula França é fundadora do Acelera Mulheres, criado visando desenvolver, fortalecer e unir mulheres de todos os setores na conquista de posições de liderança. Hoje, ela é diretora-executiva do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-ES). 

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    O termo significa a união entre mulheres, baseada na empatia e no não julgamento prévio entre as próprias mulheres, o que ajuda a quebrar estereótipos preconceituosos criados por uma sociedade machista e patriarcal. Este é um conceito mais abrangente, de união e de solidariedade entre todas as mulheres, independentemente de suas diferenças, promovendo o apoio mútuo, a ajuda em situações difíceis, a construção de redes de suporte e a compreensão em diferentes esferas.

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    Uma pesquisa recente aponta que 87% das mulheres acreditam que a sororidade é essencial para promover a igualdade de gênero e o sucesso das profissionais femininas no mercado de trabalho. Porém, apenas 45% delas afirmam já terem experimentado a verdadeira união e apoio entre suas colegas, ou seja, mais da metade de nós ainda não desfrutou dos benefícios poderosos da sororidade. Esses números são reflexo de como somos criadas. As brincadeiras e estímulos na infância são normalmente associados aos cuidados domésticos e da família. Além disso, crescemos vendo nossas mães sozinhas “dando conta de tudo”, sem contar que somos desestimuladas desde novas a acreditar no nosso potencial intelectual e a competir por aparência. Outro ponto é que aos cinco anos começamos a não acreditar que somos capazes de grandes feitos. Um bom exemplo é que a pesquisa no Google “meu filho é superdotado?” é feita duas vezes mais do que “minha filha é superdotada?”. O reflexo disso é que nos tornamos adultas com baixa autoconfiança, cheias de dúvidas em relação aos nossos talentos e cometemos diariamente o pecado da comparação. Mulheres que buscam a todo custo chamar a atenção e provar o seu valor, muitas vezes por um caminho equivocado, um caminho da competição entre mulheres.

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    Acredito que só seremos livres quando todas formos livres e, para isso, precisamos imediatamente parar de nos comparar e competir entre nós. É preciso respeitar as outras mulheres, independentemente do estilo de vida que elas levam. Precisamos nos encorajar, nos apoiar e ajudarmos umas às outras a descobrirmos o nosso poder como mulher. Esse movimento é sobre elogiar além da aparência, é sobre privilegiar a mulher quando em pé de igualdade com outro homem, é sobre julgar menos e entender mais, é sobre compartilhar e não tirar.

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    A resposta está longe de ser simples. Essa é uma cultura enraizada há séculos, na verdade, milênios, desde que migramos para o modelo de sociedade patriarcal.

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    Não vejo soluções a curto prazo, mas sugiro a criação de leis que incentivem a diversidade e inclusão. Digo incentivos porque sanções, neste país, nem sempre parecem ser a melhor opção, afinal, apesar da discriminação ser crime previsto na Constituição Federal, todos já presenciamos algum episódio. Outra ação que pode ser tomada pela iniciativa pública seria a inclusão da temática empoderamento feminino na formação escolar. Assuntos como negociação, liberdade financeira, empreendedorismo, carreira e história da mulher, sem dúvida, podem ser trabalhados e desenvolvidos ao longo da vida escolar de nossas meninas. Quanto maior a consciência dos desafios e das ferramentas que existem, maior a chance de êxito das novas gerações. Na iniciativa privada, por sua vez, as empresas poderiam iniciar a jornada de igualdade implementando alguns planos de cargos e salários sem distinção de gênero, ou qualquer outra, que não a performance e complexidade de atuação da função; e programa de mentoria para orientar homens e mulheres ao longo de sua carreira em como progredir e respeitar os colegas e suas especificidades. Além disso, poderiam implantar políticas que coloquem mulheres e homens em mesmas condições de trabalho, por exemplo, estimulando que os pais alternem com as mães as idas ao médico ou à escola. Também seria importante ter grupos de mulheres em diferentes níveis de carreira para desenvolvê-las, discutir suas experiências e apoiar umas às outras; apoio psicológico para quem sofreu ou sofre qualquer tipo de abuso; e treinamento para o time de recrutamento e seleção, bem como para os líderes de forma a prepará-los para lidar com as diferenças.

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    Pesquisas apontam que 85% dos nossos resultados de carreira advém da nossa rede de relacionamentos. E sabe quem faz isso bem? Homens. Então, imagine uma rede de mulheres se apoiando, se indicando, ensinando umas às outras? O potencial disso é infinito!

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    Não diria as mulheres, mas a nossa sociedade. Não nos permitimos descansar, ter ócio ou respeitar os limites do nosso corpo. Nos sentimos culpados por não ser “o melhor”, por não estar produzindo ou por estar na “zona de conforto”. Nesse tipo de sociedade, claro que o jovem dá mais conta, mas será que ele dará conta também das questões complexas que envolvem, por exemplo, gestão de conflitos ou questões mais leves? Eu sempre digo que tem coisas que só as primaveras nos trazem. Maturidade é uma delas. Precisamos valorizar o que cada gênero, cada raça, cada cultura e o que cada idade tem de melhor. Não é sobre comparar, mas sim complementar. Está mais que provado que diversidade aumenta produtividade dos times. Então, falando das empresas, precisamos pensar menos no hoje e mais na nossa responsabilidade de construção do amanhã. E falando de nós: é buscar a nossa melhor versão, sim, nos cuidar, mas também nos orgulhar do caminho que percorremos e das marcas desse caminho. É honrar a nossa história. Uma vez conscientes e empoderadas disso, duvido que ao se posicionar, alguém terá coragem de te questionar.

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