> >
Entenda o que é Tetralogia de Fallot, doença que afeta filho de Cristiano

Entenda o que é Tetralogia de Fallot, doença que afeta filho de Cristiano

Filho de cinco meses do cantor foi submetido a cirurgia para corrigir má formação no coração; Condição corresponde a 7 a 10% das anomalias cardíacas congênitas, segundo especialistas

Publicado em 29 de novembro de 2023 às 20:31

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Filho do sertanejo Cristiano, Miguel, de cinco meses, passou por cirurgia para corrigir Tetralogia de Fallot
Filho do sertanejo Cristiano, Miguel, de cinco meses, passou por cirurgia para corrigir Tetralogia de Fallot. (Reprodução/Instagram/@paulavaccari)
Beatriz Heleodoro
Produção CBN Vitória / [email protected]

No último domingo (26), o pequeno Miguel, filho de cinco meses do sertanejo Cristiano, recebeu alta após passar por uma cirurgia no coração. O procedimento, realizado no dia 20 de novembro, foi necessário para tratar uma condição congênita conhecida como Tetralogia de Fallot.

A doença é caracterizada pela má formação do coração, que sofre com quatro alterações, entre elas a obstrução da via de saída do ventrículo e hipertrofia ventricular. De acordo com especialistas, essa patologia corresponde de 7 a 10% das anomalias cardíacas congênitas que atingem bebês — ou seja, está entre os distúrbios que se apresentam no nascimento, podendo ser identificados durante a gestação.

"É a doença cianótica mais comum entre os bebês. Cianose é quando o bebê tem o lábio roxo, a pele fica acinzentada, os dedos são mais roxinhos. A partir desses sintomas, você entende que tem algo de errado com a circulação, com a oxigenação do sangue do bebê. Das doenças que fazem isso, ela é a mais comum ao nascimento", explica a cardiologista Tatiane Emerich.

QUATRO MÁ FORMAÇÕES NO CORAÇÃO

Como o próprio nome já diz, a Tetralogia de Fallot é caracteriza por quatro más formações no coração. Esse conjunto de anomalias limita a quantidade de sangue que é encaminhado ao pulmão para ser oxigenado. Os efeitos, de acordo com cardiologistas, são prejudiciais ao desenvolvimento do bebê.

"Para se desenvolver bem, o bebê precisa que a função cardíaca esteja normal. Se o bebê fica cansado quando vai mamar, não mama direito e também desenvolve insuficiência pulmonar e cardíaca. Ele vai se desenvolver mal e não vai ganhar peso e nem crescer", exemplifica Tatiane Emerich.

As quatro má formações são:

  • Defeito do septo ventricular perimembranoso (DSV) com desalinhamento

  • Cavalgamento da aorta sobre o septo interventricular

  • Obstrução da via de saída do ventrículo direito em vários graus

  • Hipertrofia ventricular direita (raramente presente no feto ou recém-nascido)

DIAGNÓSTICO

Como no caso do filho de Cristiano, o diagnóstico é feito ainda na gestação, ao longo do acompanhamento pré-natal. Durante as consultas regulares ao obstetra, a gestante é submetida a exames de rotina, como o ultrassom morfológico. Em casos de alteração desses exames, a paciente é encaminhada para um ecocardiograma fetal, teste utilizado para identificar possíveis doenças cardíacas. 

"Atualmente, o diagnóstico é realizado ainda na vida intra uterina, por meio do ecocardiograma fetal. O exame nos permite programar o nascimento em um hospital terciário que conte com a equipe de cardiologia pediátrica para confirmação diagnóstica e definição de conduta a ser tomada, o que melhora significativamente o prognóstico destes pacientes", conta a cardiologista pediátrica Danielle Lopes Rocha.

Em algumas exceções, principalmente nas gestações que não contam com acompanhamento pré-natal, o diagnóstico pode ser feito de forma tardia. Nestes casos, o bebê pode apresentar sintomas como cianose (coloração arroxeada em boca, pés e mãos), fadiga e dificuldade para mamar, além de irritabilidade e desmaios.

"Nos casos onde o diagnóstico não é realizado durante o pré-natal, ao nascer, o recém-nascido apresenta cianose ao choro, além de sopro durante a avaliação clínica. Em pacientes com diagnóstico tardio, após o primeiro ano de vida, além da cianose, o paciente pode apresentar baixo ganho de peso, limitações nas atividades e, às vezes, desmaios", completa Danielle Lopes Rocha.

TRATAMENTO

De acordo com as especialistas, o único tratamento para a doença é a cirurgia. Seja paliativa ou para correção definitiva, o procedimento é realizado após avaliação clínica, que definirá o tipo e em qual momento da vida será feito. 

"O tratamento é cirúrgico e consiste na correção dos quatro defeitos. O corretivo conserta as quatro anomalias no mesmo tempo cirúrgico. Já o paliativo é realizado quando o paciente tem uma anatomia mais desfavorável e que o fluxo de sangue para o coração é pequeno", conta Danielle Lopes Rocha.

Quando as alterações são muito graves, muitas vezes esse bebê vai precisar realizar algum procedimento logo ao nascimento. Isso vai depender da anatomia e da gravidade. 

Aspas de citação

Nestes casos, recomendamos que o bebê nasça em uma maternidade de alto risco, com equipe cirúrgica já de sobreaviso. Em alterações mais leves, costumamos esperar o bebê ganhar peso para poder intervir em um momento mais estável

Tatiane Emerich
Médica cardiologista e ecocardiografista
Aspas de citação

Ainda que o tratamento seja a cirurgia e a vida siga normal, as cardiologistas destacam a importância do acompanhamento ao longo da vida. "Esses pacientes podem desenvolver, na fase adulta, novos sintomas e, eventualmente, necessitarem de outra abordagem cirúrgica. Por causa disso e porque não há tratamento medicamentoso, o paciente deve ser acompanhado para o resto da vida", finaliza Tatiane Emerich.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais