Publicado em 5 de abril de 2024 às 08:00
Apesar de ser mais comum em mulheres do que em homens, a candidíase, uma infecção causada pelo fungo Candida albicans que gera coceira e ardência nas partes íntimas, também pode afetar os homens.>
A Candida albicans é um tipo de fungo que normalmente coexiste em equilíbrio na microbiota humana, e faz parte dos microorganismos saudáveis do corpo. Mas esse organismo é considerado "oportunista", o que significa que ele pode causar infecções quando há condições favoráveis.>
Quando algo faz a quantidade de fungo aumentar demais, o corpo entra em desequilíbrio e surge a infecção conhecida como candidíase.>
Há alguns motivos especificos que faz com que esse aumento descontrolado do fungo seja mais comum pessoas do sexo feminino.>
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Flutuações hormonais que ocorrem durante o ciclo menstrual, gravidez, uso de contraceptivos hormonais ou terapia de reposição hormonal podem afetar o pH vaginal, criando um ambiente mais favorável ao crescimento do fungo.>
Além disso, a vagina, por ser úmida e quente, oferece um ambiente propício para o crescimento excessivo do fungo Candida quando o equilíbrio da flora vaginal é perturbado.>
"Mas no caso do pênis, deixar o órgão abafado e úmido por meio do uso prolongado de roupas molhadas (sungas de praia, por exemplo) ou fraldas causa o mesmo risco", explica Bianca Macedo membro do Departamento de Infecções e Inflamações da Sociedade Brasileira de Urologia.>
Há também outros fatores que podem contribuir para que a infecção apareça em homens. De acordo com Macedo, entre eles, estão:>
E para ambos os sexos:>
Nas mulheres, pode acontecer de ter um tipo de secreção branca, em pedacinhos, que parece com a nata do leite, junto com sensação de queimação na região íntima, desconforto ao urinar e dor durante o sexo.>
"Já os homens costumam apresentar pequenas manchas vermelhas penianas, edema leve e lesões em forma de pontos. E ambos os gêneros sofrem com coceira intensa", afirma a médica.>
É importante destacar que a candidíase não é considerada uma IST (infecção sexualmente transmissível), já que sua principal forma de surgimento é por meio dos fatores descritos acima.>
"Ainda assim, um contato contínuo, de pele com pele, especialmente em situações íntimas, pode sim resultar em contágio", alerta Macedo.>
O diagnóstico geralmente é clínico, realizado visualmente por médicos experientes, que conseguem identificar a infecção sem a necessidade de exames.>
No entanto, em casos de dúvidas ou lesões de difícil tratamento, exames como isolamento do germe ou biópsias podem ser solicitados.>
"O diagnóstico para diferentes tipos de candidíase pode ser feito por meio de raspados (coleta de amostras de tecido ou fluido de áreas afetadas), que analisam as lesões e possibilitam a identificação de diferentes cepas do fungo. No entanto, muitas vezes, o tratamento é iniciado sem a necessidade desse exame", diz Alex Meller, urologista do Hospital Santa Paula.>
"A Candida albicans apresenta uma proliferação mais rápida e pode ser mais difícil de tratar em pacientes imunocomprometidos. Mas em grande parte dos casos, a infecção é autolimitada, com uma melhora espontânea em um período de dois a três dias". >
Além da manutenção de uma boa higiene, o tratamento da candidíase em homens pode incluir o uso de pomadas específicas e comprimidos antifúngicos.>
O tratamento em homens é, frequentemente, realizado com antifúngicos tópicos, como cremes, por 3 a 5 dias, sendo que o uso de comprimidos orais também pode ser indicado, em alguns casos, como dose única.>
De acordo com Meller, complicações são raras, mas em casos excepcionais, o homem pode desenvolver fimose secundária. Isso ocorre quando a inflamação e dificuldades na cicatrização resultam em uma lesão que reduz a elasticidade da pele, dificultando a retração do prepúcio (a pele que cobre a cabeça do pênis).>
A candidíase também pode se manifestar em outras partes do corpo conforme hajam ambientes favoráveis ao seu crescimento.>
Em bebês e crianças, a forma mais comum de candidíase é a oral, também conhecida como sapinho, que ocorre nos lábios, dentro da boca e na garganta. A infecção se manifesta como manchas brancas na língua, no interior das bochechas e na garganta, causando desconforto ao engolir e sensação de queimação.>
Outra possível manifestação da candidíase é na pele, geralmente em áreas úmidas e quentes, como axilas, virilhas e sob os seios. O quadro gera manchas cutâneas vermelhas, frequentemente acompanhadas de coceira intensa e descamação da pele.>
A candidíase também pode afetar o sistema intestinal, onde o fungo se multiplica devido a desequilíbrios na flora intestinal, como o uso prolongado de antibióticos ou condições que enfraquecem o sistema imunológico. Os sintomas podem incluir dor abdominal, inchaço, gases, diarreia ou constipação, e o aparecimento de pequenos resíduos esbranquiçados nas fezes.>
Por fim, a candidíase sistêmica é uma forma mais grave da infecção, em que o fungo se espalha pelo corpo através da corrente sanguínea. >
Isso geralmente afeta pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos, como pacientes com HIV não tratado e Aids, transplantados ou aqueles em tratamento com medicamentos imunossupressores. >
Os sintomas podem ser diversos e incluem febre, calafrios, dor muscular e articular, além de complicações potencialmente fatais se não tratadas adequadamente.>
Em todos os tipos de candidíase, o tratamento envolve o uso de antifúngicos, seja na forma de pomadas, comprimidos ou soluções, e em casos mais graves, pode ser necessário um acompanhamento médico especializado.>
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