Publicado em 18 de fevereiro de 2024 às 15:00
Muito tem se falado ultimamente sobre fazer jejum. Ouvimos de amigos e familiares que fazem. A professora, o colega de academia, o porteiro do trabalho e a colega de escritório também aderiram. E a prática tem ganhado adeptos também entre as celebridades, que dizem que o jejum faz com que se sintam mais saudáveis. >
Mas do que estamos falando exatamente? E é realmente saudável?>
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De um modo geral, o jejum consiste em abster-se total ou parcialmente de comer ou beber durante um determinado período de tempo, embora bebidas não calóricas sejam permitidas.>
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Dito isto, há muitas maneiras de se fazer jejum. Por períodos prolongados, por exemplo, como três dias, ou o chamado jejum intermitente, em que se alterna períodos de 24 horas, ou seja, um dia sim, outro não.>
Mas a maneira mais simples de fazer jejum é o que chamamos de alimentação restrita por tempo. Nesse caso, come-se todos os dias, mas reduz-se o número de horas dedicadas à alimentação. >
Por exemplo, podemos concentrar todas as nossas ingestões diárias em um período de 10 horas e fazer jejum nas 14 horas restantes. Ou, uma opção mais rigorosa, como alimentar-se dentro de um período de 8 horas e abster-se durante as 16 restantes.>
O período de jejum deixa as células sem sua principal fonte de energia: os nutrientes, especialmente os açúcares. Nossas células são então forçadas a se adaptar à situação e, consequentemente, o organismo modifica o metabolismo para procurar outros meios de obter a energia necessária.>
Acontece assim: enquanto as células reduzem sua atividade, o fígado adapta o metabolismo e fabrica compostos químicos chamados corpos cetônicos como fonte alternativa de energia. Isso faz com que o nosso tecido adiposo libere as reservas de gordura armazenadas.>
O jejum tem efeito no organismo como um todo. Em primeiro lugar, melhora a capacidade do cérebro de responder ao estresse e sua inflamação é reduzida. Além disso, o coração fica mais resistente, a pressão arterial diminui, o controle dos níveis de glicose no sangue aumenta, a inflamação intestinal reduz e o estado da microbiota intestinal melhora.>
O jejum pode inclusive ajudar a melhorar a qualidade do envelhecimento, algo que ainda está sendo estudado. Mas também parece gerar uma maior sensação de fome.>
Em relação ao controle do peso, a prática pode efetivamente ajudar a emagrecer e, mais importante, a reduzir a massa gorda. Mas também é possível perder massa muscular fazendo jejum. >
Perder peso não é simples: fazer uma dieta reduzindo a quantidade de calorias ingeridas é, assim como o jejum, difícil de manter. Então, qual é a melhor opção? >
Não há uma única resposta. Cada pessoa é um caso particular e, se para alguns pode ser mais fácil comer todos os dias, reduzindo a quantidade, para outros pode haver menos dificuldade em aderir a algum tipo de jejum.>
Também não há evidências científicas de que o jejum traga mais benefícios do que as dietas. Isso se deve, provavelmente, ao fato de que o resultado depende de cada indivíduo em particular. É o que chamamos de nutrição de precisão, que não é objeto deste artigo.>
De qualquer forma, existem algumas evidências. Há estudos que sugerem que a adesão ou cumprimento dos protocolos de jejum tem maior impacto do que as dietas convencionais com restrição de calorias.>
Quanto às modalidades existentes, a alimentação restrita a um número de horas do dia é simples de fazer e traz benefícios, desde que feita cedo. Ou seja, verificou-se que fazer jejum à tarde (adiantar o jantar) traz mais vantagens. E resultados indicam que se abster de comer pela manhã (atrasar o café da manhã) não traz qualquer benefício.>
A melhor forma é procurar um especialista em nutrição que possa ajudar a traçar diretrizes adaptadas às suas necessidades e possibilidades.>
E atenção: é possível sofrer episódios de hipoglicemia durante o período de jejum. Assim, é importante monitorar o estado de saúde durante o tempo em que ele é realizado, especialmente quem sofre de diabetes.>
Caso você tenha algum outro problema de saúde, é importante consultar um médico antes de começar a fazer jejum. E, para finalizar, se você faz atividade esportiva regularmente, o protocolo de jejum deve ser coordenado com a prática.>
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