Publicado em 5 de agosto de 2020 às 16:01
O governo do Líbano ordenou nesta quarta-feira (5) a prisão domiciliar de autoridades do porto de Beirute onde ocorreu uma megaexplosão na terça.>
O governo suspeita que houve negligência por parte das autoridades responsáveis pelas operações de armazenamento e segurança do local.>
A tragédia já registra ao menos 135 mortes e mais de 5.000 feridos. O número de vítimas deve aumentar, pois são feitas buscas em meio aos escombros e há suspeitas de que corpos foram lançados ao mar.>
O governo atribuiu a tragédia ao armazenamento incorreto de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, um fertilizante com alto poder explosivo.>
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Essa carga estava armazenada em um galpão junto ao porto há mais de seis anos. O material chegou ao Líbano em setembro de 2013, segundo dados oficiais obtidos pela Al Jazeera.>
O material estava em um navio de propriedade russa que ia da Geórgia para Moçambique. A embarcação teve problemas técnicos e fez uma parada em Beirute.>
Como o navio estava avariado, autoridades libanesas o impediram de seguir viagem. Com isso, os tripulantes abandonaram o barco e foram depois repatriados.>
Eles deixaram o navio por medo de que pudesse haver uma explosão a bordo, dado o risco da carga transportada, segundo documentos obtidos pela Al Jazeera. O material então foi colocada em um armazém no porto.>
Ao longo dos últimos anos, chefes da alfândega libanesa enviaram ao menos seis cartas à Justiça e a outras autoridades pedindo que fosse dado um destino ao material, mas não obtiveram respostas.>
Houve sugestões para que o composto fosse vendido ou doado ao Exército. O nitrato de amônio é usado principalmente como fertilizante na agricultura. Também é utilizado para fabricar explosivos para mineração.>
No entanto, ainda não se sabe o que teria detonado a explosão, e se foi um ato intencional ou um acidente.>
O nitrato de amônio torna-se explosivo quando exposto a temperaturas acima de 300 graus. Imagens mostraram um foco de incêndio no local da tragédia, mas não está claro o que o causou.>
O presidente Michel Aoun disse estar determinado a investigar e revelar o que aconteceu o mais rápido possível, assim como responsabilizar os culpados.>
O governo anunciou também que Beirute ficará em estado de emergência por ao menos duas semanas.>
Como a explosão danificou muitas casas e prédios, cerca de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas. O prejuízo pode superar US$ 5 bilhões (R$ 26,4 bi), segundo o governador Marwan Abboud.>
Diversos países, como Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, França e Irã, ofereceram ajuda ao Líbano.>
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (5) que o governo brasileiro fará "gesto concreto" para ajudar os libaneses.>
"O Brasil vai fazer mais que um gesto, algo concreto para atender em parte aquelas pessoas que estão numa situação complicada", disse o presidente em seu discurso, em que também manifestou condolências à população libanesa.>
O país atravessa sua pior crise econômica em décadas, marcada por depreciação monetária sem precedentes, hiperinflação, demissões em massa e restrições bancárias drásticas, que alimentam há vários meses o descontentamento social.>
De acordo com o Itamaraty, até agora não houve relatos de brasileiros mortos ou gravemente feridos. O Líbano tem uma grande comunidade com laços com o Brasil: há mais descendentes e parentes de libaneses em solo brasileiro (entre 7 e 10 milhões) do que libaneses no país de origem (7 milhões).>
A fragata brasileira Independência, nau capitânia da Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano), com 200 marinheiros, não estava no porto na hora da explosão, mas no Mediterrâneo, patrulhando a região. Soldados de outro navio da Unifil, no entanto, ficaram gravemente feridos e levados a hospitais.>
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