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Guerra na Ucrânia: veja o mapa com os pontos bombardeados pela Rússia

Guerra na Ucrânia: veja o mapa com os pontos bombardeados pela Rússia

Pelo menos dez regiões do país já registraram ataques. Veja as cidades que já registraram quedas de mísseis nas primeiras horas do conflito

Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 15:27

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Desde que a Rússia anunciou, ainda na noite de quarta-feira (23), o início de uma operação militar na Ucrânia, vários mísseis foram disparados e caíram sobre o país. Em várias cidades ucranianas, incluindo a capital Kiev, foram registradas explosões e tiros, o que provocou uma debandada em massa da cidade, com filas gigantes de carros tentando fugir da guerra.

No mapa abaixo é possível ter a dimensão dos ataques e bombardeios comandados pelo regime de Vladimir Putin, que já foram registrados em pelo menos dez regiões do país, e dimensionar o avanço das tropas. 

Até o momento, as tropas russas estão cruzando as fronteiras para entrar na Ucrânia por terra nas regiões Leste de Chernihiv e Kharkiv (passando por Belarus) e também por Luhansk. Homens também estão desembarcando por mar nas cidades portuárias de Odessa e Mariupol, no Sul.

Um dos pontos que está no alvo da Rússia e que mais preocupa os ucranianos no momento é a antiga usina nuclear de Chernobyl (Tchernóbil), local palco de acidente de grandes proporções em 1986. A instalação fica a cerca de 100 quilômetros ao norte da capital.

As informações de Kiev são de que soldados russos já tomaram o controle do depósito de lixo radioativo.

Segundo o governo ucraniano, a Rússia lançou mísseis balísticos e de cruzeiro em aeroportos e quartéis-generais militares perto de Kiev.

No Leste do país, mísseis atingiram alvos em Kharkiv e Dnipro. Em Kramatorsk foram ouvidos estrondos. No Sul e no Leste, vários aviões foram atingidos nos aeroportos, segundo o governo ucraciano.

Fire is seen coming out of a military installation near the airport, after Russian President Vladimir Putin authorized a military operation in eastern Ukraine, in Mariupol, February 24, 2022. REUTERS/Carlos Barria ORG XMIT: GDN
Fogo é visto saindo de uma instalação militar perto do aeroporto em Mariupol, na Ucrânia, após bombardeio. (Carlos Barria/ Reuters/Folhapress)

Após meses de tensões com potências ocidentais, a Rússia iniciou os ataques a Ucrânia entre esta quarta e quinta-feira (24), dando inicio à crise militar mais grave na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

ENTENDA O QUE PROVOCOU O CONFLITO

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    No começo de novembro, Putin deslocou mais de 100 mil soldados e equipamentos para áreas próximas, relativamente, da Ucrânia. Por meses, a Ucrânia, os EUA e a Otan acusaram o presidente russo de planejar uma invasão militar, o que ele negava. O russo dizia, no entanto, que poderia tomar ações militares se a aliança militar ocidental não recuasse e se não vetasse formalmente a Ucrânia de entrar para o clube, o que EUA consideravam inaceitável.

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    Após meses de tensão, na segunda-feira Putin decidiu reconhecer a independência de duas áreas separatistas no território ucraniano, Lugansk e Donetsk, de maioria étnica russa - o Kremlin diz que há 800 mil pessoas com cidadania russa na região.

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    O reconhecimento da independência das províncias ucranianas, junto de um discurso duro contra o governo em Kiev, foi tido como o passo final para que as nações entrassem em guerra.

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    Em reação, União Europeia e Estados Unidos anunciaram uma série de sanções a autoridades e empresas russas. A princípio, Putin disse que estava disposto a negociar uma solução diplomática desde que respeitados os "interesses e a segurança" de seu país.

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    Apesar do discurso, o Kremlin não deu tempo para uma solução negociada. Por volta das 5h da manhã desta quinta, no horário local, o russo foi à TV dizer que faria uma "operação militar especial" no Donbass, a área de maioria russa étnica. A fala foi lida como uma declaração de guerra, sobretudo porque Putin afirmou que quer trazer à justiça quem cometeu o que chamou de "genocídio" e "crimes" contra russos nas áreas, além de "desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia.

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    Minutos depois, tropas russas avançaram sobre o território ucraniano e desde então o país vizinho está sob ataque por diferentes frentes.

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    A Rússia tem acusado Kiev de ligações com grupos neonazistas - há elementos das Forças Armadas, como o batalhão Batalhão de Azov, acusados de usar símbolos como a suástica e saudações nazistas. Os alemães lutaram contra os soviéticos pelo controle da Ucrânia na Segunda Guerra Mundial.

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    O presidente Volodomir Zelenski, contudo, é judeu e costuma lembrar disso ao comentar as acusações russas. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que sugeriu a derrubada do governo para cumprir o objetivo de "desnazificar" o país: "Idealmente, você liberta a Ucrânia e se livra dos nazistas. O futuro pertence ao povo ucraniano", disse.

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    Antes tida como uma espécie de satélite russo, a Ucrânia está em conflito com a Rússia desde 2014, quando um governo pró-Moscou em Kiev foi derrubado após protestos em massa. Putin percebeu que a Otan e a União Europeia poderiam absorver o vizinho e agiu, promovendo a anexação da Crimeia, um território étnico russo que havia sido cedido à Ucrânia nos tempos soviéticos, em 1954. Além disso, fomentou uma guerra civil de separatistas pró-Kremlin na região do Donbass, que está no centro da confusão agora.

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    Apenas oito países aliados do Kremlin reconhecem a península como território russo. Todo o resto da comunidade internacional, incluindo a posição oficial da ONU, é de que a região é território ucraniano. Apesar disso, a anexação é vista como um fato consumado na comunidade diplomática.

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    A prioridade do presidente russo é evitar que a Ucrânia, ou qualquer outro país ex-soviético, entre na Otan e, de forma mais secundária, na União Europeia. Historicamente, os russos têm o seu flanco mais vulnerável no Leste Europeu. Por isso, tanto o Império Russo quanto a União Soviética ou dominavam ou tinham aliados na região. O ocaso soviético fez com que parte desses países fosse absorvida na esfera ocidental, e em 2004 a expansão da Otan chegou a três repúblicas que eram da união: Estônia, Letônia e Lituânia. Isso foi a gota d'água para Putin.

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    Não. O conflito atual se assemelha à guerra em 2008 na Geórgia, um país pequeno do Cáucaso, uma das rotas históricas de invasões e guerras. Assim como a Ucrânia, a Geórgia tinha duas áreas de maioria étnica russa, a Abkházia e a Ossétia do Sul. Um misto de pressão russa e o voluntarismo do então presidente Mikheil Saakashvili jogaram seu país em rota de colisão com Moscou. Ele tinha uma atitude agressiva e foi visto como imprudente ao provocar os russos, dando a desculpa para que eles atacassem em nome da minoria étnica que povoa as duas áreas do país. O resultado foi a intervenção dos russos, que haviam mobilizado dezenas de milhares de soldados para um exercício militar nas vizinhanças. Hoje a Geórgia não controla 20% de seu território, o que na prática impede que ela se una à Otan.

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    Pelo mesmo motivo da Geórgia: as regras dos clubes não permitem países com conflitos territoriais ativos. Isso torna conveniente o discurso ocidental, já que ninguém quer pagar para ver em um confronto direto com a Rússia. Assim, Kiev recebe apoio e algum armamento da Otan, mas não se esperam tropas em solo para sua defesa.

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    Até agora, países ocidentais não enviaram tropas militares para apoiar o exército ucraniano. Na quarta-feira (23), a União Europeia anunciou um pacote inicial de sanções contra os 351 membros da Duma (Câmara baixa do Parlamento russo) que chancelaram o reconhecimento das áreas separatistas ucranianas. Eles estão proibidos de viajar aos países do bloco e tiveram bens na UE congelados.

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    O pacote de retaliações atinge ainda 27 entidades e indivíduos que, segundo comunicado da UE, participaram "da ameaça à integridade territorial, soberania e independência da Ucrânia". Neste grupo estão membros do governo; bancos e executivos que forneceram apoio financeiro e material às operações nas regiões separatistas; e autoridades militares e indivíduos "responsáveis por liderar a guerra de desinformação contra a Ucrânia".

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    Um dia antes, os Estados Unidos impediram o governo da Rússia de fazer transações financeiras envolvendo títulos de sua dívida com empresas dos EUA e da Europa. Houve também sanções contra cinco integrantes da elite russa e seus familiares, por terem relação com acusações de corrupção e terem se beneficiado de relações com o Kremlin, segundo a gestão Biden.

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    Além das sanções decididas em bloco, a Alemanha reagiu individualmente, ao congelar a certificação do gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia ao país europeu e está pronto, mas sem poder operar devido à crise na Ucrânia. O presidente americano Joe Biden também anunciou sanções à Nord Stream 2 AG, empresa responsável pelo gasoduto, e seus dirigentes.

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    O Nord Stream 2 é o segundo ramal de um megaprojeto iniciado nos anos 2000. Duplica a capacidade de transporte de gás natural pelo mar Báltico, possibilitando à Rússia desviar o fornecimento que hoje é majoritariamente feito por meio justamente da Ucrânia e da turbulenta ditadura aliada Belarus.

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    Sanções do bloco europeu contra Moscou começaram a ser impostas em 2014, como resposta à anexação da Crimeia. Gradualmente, a lista de medidas foi crescendo, com renovações semestrais, e passou a incluir vetos diplomáticos (como a expulsão do G8) e retaliações individuais ou direcionadas a empresas e setores econômicos inteiros.

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    Por um lado, analistas concordam que o pacote de 2014 não atingiu seus principais objetivos, como o cumprimento dos Acordos de Minsk, assinados entre 2014 e 2015, um cessar-fogo que nunca chegou a ser respeitado pelas partes -estima-se que 14 mil pessoas tenham morrido na guerra civil.

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    Por outro, reafirmam que o instrumento continua sendo o que tem mais potencial de eficácia, do ponto de vista do Ocidente, para evitar um conflito militar -especialmente se, como nesta semana, for implementado com velocidade, por um grupo relevante e com consequências cada vez mais severas.

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Local do Serviço de Guarda de Fronteira do Estado Ucraniano danificado por bombardeios na região de Kiev, na Ucrânia(Reuters/Folhapress)

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    O preço do petróleo superou nesta quinta-feira (24) os US$ 100 pela primeira vez em mais de sete anos. A Rússia é um dos grandes produtores de petróleo, e um conflito militar afeta o mercado do produto. Além disso, sanções impostas pelos EUA e pela União Europeia também podem pressionar o preço da energia, direta e indiretamente. Se a guerra provocar a interrupção do comércio euro-russo de combustíveis, os europeus terão que procurar energia em outra parte, em um mercado mundial que ficará ainda mais apertado e caro.

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    Também pode haver impacto no preço dos alimentos. A Ucrânia vende 17% do milho do mercado mundial, um peso relevante, embora fique atrás de EUA, Brasil e Argentina. Ucrânia e Rússia exportam 30% do trigo comprado pelo resto do planeta.

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    Sempre que há uma crise política grave, papéis de maior risco, como ações, são afetados. Após o anúncio da invasão, ações globais e mesmo títulos do Tesouro americano despencaram, enquanto as cotações do dólar, ouro e petróleo dispararam após tropas russas deslancharem um ataque contra a Ucrânia.

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    A busca por segurança global por parte dos investidores impulsionou o dólar, que subia mais de 0,5% em relação a cesta de moedas de seus principais parceiros comerciais. O euro, por sua vez, caía 0,8%.

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