Publicado em 5 de março de 2022 às 20:33
O avanço da guerra entre Ucrânia e Rússia fez deste sábado (5) um dia movimentado na alta diplomacia mundial.>
Até agora, representantes dos dois lados se encontraram duas vezes, ambas na fronteira de Belarus. A última, na quinta-feira (3), determinou a abertura de corredores humanitários com cessar-fogo para retirada de civis das zonas de combate - os ucranianos, no entanto, acusam os russos de terem desrespeitado a medida.>
Uma terceira rodada de negociação deve acontecer na segunda-feira (7). Até lá, países como EUA, China, Israel, Alemanha e França seguem movimentando suas peças nos bastidores.>
O premiê israelense, Naftali Bennett, foi a Moscou e passou três horas no Kremlin conversando com o presidente russo, Vladimir Putin. Segundo um porta-voz, conversaram sobre a guerra, a grande população judaica na Ucrânia e até sobre o acordo nuclear do Irã. Não foram divulgadas mais informações.>
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Na sequência, Bennett ligou para o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski. Então, deixou a Rússia rumo à Alemanha, onde encontrou o premiê Olaf Scholz, em Berlim. Antes de iniciar a série de viagens, ele havia conversado ao telefone com o presidente da França, Emmanuel Macron.>
Segundo seu porta-voz, Bennett, judeu, não violou o descanso sagrado do sábado ao viajar a Moscou porque a lei do judaísmo prevê exceções quando o objetivo é preservar a vida humana.>
Em que pese ser aliado dos Estados Unidos, ter enviado ajuda humanitária aos ucranianos e condenado a invasão russa, Israel se ofereceu para tentar ajudar no diálogo entre os países em guerra. Durante a viagem, Bennett teve ao seu lado o ministro da Habitação israelense, Zeev Elkin, que é nascido na Ucrânia e já serviu de intérprete em encontros de Putin com Binyamin Netanyahu, ex-premiê de Israel.>
Neste sábado, o Ministério da Saúde do país anunciou que vai enviar médicos para montar um hospital temporário de atenção aos refugiados de guerra.>
Israel está atento ao apoio militar de Moscou ao ditador Bashar al-Assad na vizinha Síria, onde Israel ataca regularmente alvos militares iranianos.>
Quem também viajou com fins diplomáticos neste sábado foi o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Na fronteira entre a Polônia e a Ucrânia, ele se encontrou com o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmitro Kuleba.>
O americano reiterou seu apoio ao país do Leste Europeu. Kuleba, por sua vez, pediu mais ajuda militar, em especial defesa anti-aérea e aviões.>
Apelo semelhante fez o presidente ucraniano, também aos EUA, mas em uma reunião virtual com senadores americanos.>
Volodimir Zelenski "fez um pedido desesperado para que países europeus providenciem aviões russos para a Ucrânia", disse Chuck Schumer, líder da maioria do Senado, sobre a conversa.>
Não está claro, porém, como o país americano pode ajudar na transferência dessas aeronaves russas, que teriam que vir de nações europeias que já disponham delas.>
A China voltou a pedir diálogo aos envolvidos no conflito.>
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do gigante asiático, o chanceler Wang Yi conversou com Blinken e reiterou que Kiev e Moscou precisam se engajar em um diálogo direto.>
Segundo nota do ministério, o chanceler disse ao americano que qualquer resolução da guerra precisa atender os "interesses de segurança das duas partes", mas voltou a ressaltar o "impacto negativo da expansão da Otan em direção ao espaço de segurança da Rússia" --ponto que vai ao encontro com o argumento de Putin.>
Do lado do Kremlin, aliás, o presidente russo manteve o discurso de que as operações estão indo conforme o esperado.>
Subiu o tom contra as sanções que seu país tem sofrido, dizendo que se trata de uma "tentativa de guerra contra a Rússia" e atacou a ideia de uma zona de exclusão sobre o espaço aéreo ucraniano, o que seria "catastrófico" para a Europa.>
Tal zona foi um pedido do presidente ucraniano para a Otan, a aliança militar ocidental. A entidade e os EUA não acataram a medida, com receio de que isso aumentasse as tensões com Moscou.>
A demanda de Zelesnki, inclusive, foi criticada pelo chanceler russo Sergei Lavrov. Segundo ele, as declarações em tom irritado do ucraniano não inspiram otimismo sobre o destino das negociações --mais cedo, Kuleba havia se colocado aberto a conversas com Lavrov, mas apenas se tais negociações fossem "significativas".>
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